Amazônia e Biodiversidade

Todos pela Amazônia

O ano de 2022 também foi marcado pelo aumento do desmatamento na Amazônia. Como mostraram os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2022 a Amazônia brasileira perdeu uma área de floresta equivalente a 1,6 milhão de campos de futebol, 11.568 km² de Amazônia que viraram cinza e um legado de 45.586 km² desmatados nos quatro anos anteriores.

Os dados não passaram despercebidos, e a sociedade esteve mobilizada pela proteção da floresta, de seus povos e de nosso futuro. Nós, do Greenpeace Brasil, participamos ativamente desse processo, a exemplo do movimento Voto Sem Vacilo, cujo objetivo foi impulsionar a conscientização política sobre as questões socioambientais. O desmatamento esteve presente em todo o debate eleitoral, muitas promessas foram feitas, e a democracia prevaleceu, como deve ser. Agora, temos pela frente o desafio de ver todo o discurso transformado em prática, e temos urgência. Precisamos de Desmatamento Zero já!

A Amazônia que Precisamos

Expedição pelo Rio Manicoré

Às vezes, só damos valor a uma coisa quando a perdemos. É o que acontece no caso da Amazônia: às vezes, esquecemos que sem floresta, não tem vida. 

Para lembrar a todas as pessoas sobre como a floresta é maravilhosa e quanto podemos aprender com a natureza e com as populações que vivem há gerações, em 2022 lançamos a campanha Amazônia que Precisamos, mostrando a Amazônia que desejamos ter no futuro, com floresta preservada, dignidade, biodiversidade e ciência. 

Em junho, realizamos uma expedição pelo Rio Manicoré, no sul do Amazonas, em apoio a um grupo de comunidades que luta há mais de 15 anos pela proteção de seu território e modo de vida. Em 2022, as famílias associadas à Central das Associações Agroextrativistas do Rio Manicoré (Caarim) conseguiram uma Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) coletivo, que garante o uso sustentável exclusivo às comunidades ribeirinhas da região.

Assim, o Greenpeace Brasil se uniu a uma coalizão de organizações da sociedade civil para apoiar as comunidades na elaboração de um plano de gestão da área. A expedição serviu de plataforma para o trabalho de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e de instituições parceiras em seus estudos sobre a biodiversidade desse pedaço tão pouco estudado da Amazônia.

Os resultados dessa pesquisa são animadores: foram registrados 324 espécies de aves, sendo 34 destas com relevância global; mais de 400 tipos de plantas; 74 espécies de répteis e anfíbios; 140 espécies de peixes; 84 espécies de mamíferos, além de muitas espécies ainda desconhecidas pela ciência. Isso reforça a importância de proteger essa região. Esse estudo contribuirá com o processo de implementação da CDRU e no conhecimento sobre a rica biodiversidade da Amazônia. 

Mas o trabalho não termina aqui. Ainda há muito o que avançar para que as florestas de Manicoré e de outros lugares do Brasil sejam protegidas e que as populações tradicionais e indígenas tenham seus direitos e cultura respeitados. É tempo de um novo olhar sobre a Amazônia, com políticas públicas que favoreçam um modelo de economia que conviva com a floresta e preserve o que temos de melhor, para nós e para as futuras gerações.

“No aniversário de 30 anos da instituição, penso que estamos no melhor lugar possível neste momento: junto à floresta, junto às comunidades tradicionais e junto a todos aqueles que creem e lutam por um futuro melhor e mais justo.”

Rômulo Batista, porta-voz da Campanha de Florestas do Greenpeace Brasil, durante a expedição

Monitoramento da destruição

Como faz sempre, em 2022 o Greenpeace acompanhou de perto a evolução do desmatamento e das queimadas na Amazônia, com o trabalho de monitoramento de imagens de satélite e em campo. Neste ano, o número de focos de calor na Amazônia chegou a 115.033, aumento de 53% em relação a 2021, fechando da pior maneira possível o governo Bolsonaro, marcado por sua política antiambiental. 

Ao longo de 2022, registramos esses incêndios florestais criminosos, apresentando denúncias e exigindo ação das autoridades. Denunciamos também a cumplicidade de empresas que financiam a destruição ambiental e a violência no campo, ao comprar produtos vindos do desmatamento. 

Para aumentar a atenção pública sobre o problema, realizamos uma manifestação em uma área recém-queimada e desmatada em Rondônia, em agosto. Também levamos a bióloga e ex-BBB Jessilane Alves e as atrizes Sophia Abrahão, Amanda de Godoi e Polliana Aleixo para ver de perto a destruição da floresta e comunicar ao mundo o que viram, levando a mensagem ainda mais longe. 

Informar e conscientizar a sociedade sobre a importância da floresta e denunciar os crimes que a destroem fazem parte do DNA do Greenpeace Brasil, e continuaremos trabalhando incansavelmente nessa missão.

“Os números referentes a queimadas e incêndios florestais só reforçam que estamos repetindo a mesma dinâmica predatória de 200 anos atrás, propagando uma economia da destruição que ainda se alimenta dos recursos naturais e não traz um desenvolvimento real para a Amazônia.”

Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil

Nossas campanhas em 2022