Projeto de Lei que institui a educação sobre mudanças climáticas sofreu revés na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara e votação do texto foi adiada. Greenpeace pressiona o Congresso com abaixo-assinado

Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace Brasil

A emergência climática e a proteção ambiental podem – e devem – ser trabalhadas em sala de aula, estimulando o pensamento crítico e a resolução de problemas. No próximo dia 3 de junho, Dia Nacional da Educação Ambiental, o Greenpeace Brasil lembra a sociedade que a crise do clima também é assunto de crianças, e alerta que está nas mãos do Congresso aprovar uma lei que inclui o tema no currículo escolar, o Projeto de Lei (PL) 2.963/23, que institui a educação climática no Brasil.

Como forma de pressionar o Congresso a aprovar este projeto de lei – em 15 de maio, aprovação do PL 2.963/23 foi adiada após um pedido de vista do deputado Zé Trovão (PL/SC) -, o Greenpeace Brasil reúne assinaturas da sociedade civil em seu abaixo-assinado online “Educação Climática nas Escolas já!”, que já conta com mais de 7,8 mil assinaturas.

“Este Projeto de Lei (2964/2023) é tão importante porque inclui a educação climática como base da educação escolar, e não somente como uma disciplina a mais no currículo escolar. Sabemos que existe o estudo da biologia e da geografia e que a educação climática pode ser discutida por esses professores, mas o objetivo do projeto de lei é que não seja iniciativa de um professor ou uma escola, mas de toda a rede escolar e que essa conscientização comece desde cedo, já no 1º ano do ensino fundamental”, explica o coordenador da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos.

O porta-voz ressalta que o PL também é importante por contemplar pontos importantes sobre adaptação da estrutura das escolas para as mudanças do clima e os eventos extremos.

“O ambiente escolar sofre impactos diretos dos eventos climáticos, seja na sua infraestrutura, que muitas vezes não está preparada para lidar com fortes chuvas, escassez hídrica ou até mesmo as baixas ou elevadas temperaturas, até o impacto na rotina escolar, uma vez que muitas escolas se tornam abrigos em caso de eventos extremos”, pontua Travassos. 

Informação de qualidade para enfrentarmos a ‘Era dos eventos extremos’

No Brasil, cerca de 40 milhões de crianças e adolescentes estão expostos aos efeitos da crise do clima, de acordo com dados do relatório “Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil”, da UNICEF. O relatório chama a atenção para a urgência de priorizar crianças e adolescentes nos debates e políticas voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas.

“Estamos lidando com um cenário cada vez mais recorrente de eventos climáticos extremos. É urgente ampliar os esforços para efetivar uma cultura de prevenção no país. E isso também se dá dentro de sala de aula, reforçando a educação ambiental, incentivando a comunidade escolar a construir caminhos para preservação do meio ambiente. Os alunos precisam aprender sobre gestão de resíduos, transição energética e mudança nos hábitos de consumo, por exemplo, assim como participar de discussões sobre prevenção e adaptação às mudanças climáticas e resposta aos eventos climáticos extremos”, diz Travassos.

Um levantamento da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especial da ONU, mostrou que houve 12 eventos climáticos extremos no Brasil em 2023, “sendo nove considerados incomuns e dois sem precedentes”. A tragédia histórica que atingiu o Rio Grande do Sul no final de abril deste ano, considerada a mais severa já enfrentada pelo estado, assim como a seca sem precedentes dos rios da Amazônia no final do ano passado, evidencia a necessidade urgente de adaptação às mudanças climáticas e de educar a geração que hoje está nas escolas para compreender, desde cedo, a importância da conservação da natureza e do combate à crise climática.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!