Precisamos de protocolos que sejam conhecidos e entendidos pela população”, alerta o porta-voz de Justiça Climática da organização

Alagamento no Bairro Ipanema em Porto Alegre, Rio Grande do Sul | Foto: Tuane Fernandes/Greenpeace Brasil

Diante das fortes chuvas e dos impactos devastadores que atingem as populações do Rio Grande do Sul, o Greenpeace Brasil alerta que os governos estaduais, municipais e federal precisam criar e estimular no país uma cultura de prevenção diante da ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos.

“Precisamos de protocolos que sejam conhecidos e entendidos pela população, como protocolos de evacuação, onde procurar abrigo, como se proteger em determinada situação etc, assim como acontece em vários países asiáticos que lidam com terremotos e tsunamis. As pessoas precisam aprender o que fazer e não fazer diante de um evento climático extremo e é dever dos governos prepará-las para lidar com essa nova realidade imposta pelas mudanças do clima”, afirma o coordenador de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos. 

O porta-voz também lembra que estados e municípios precisam ter investimento público em prevenção, adaptação das estruturas das cidades e ações de resposta aos impactos dos eventos climáticos extremos. 

“Diante dessa realidade que já está posta, precisamos debater urgentemente a agenda da adaptação climática para as cidades e prepará-las para enfrentar tempestades, enchentes, vendavais, ciclones, ondas de altas e baixas temperaturas, estiagem e seca, entre vários outros eventos que temos observados no Brasil nos últimos anos. Na prática, isso significa discutir moradia, macro e micro drenagem, mobilidade urbana, saúde e, para isso, é preciso destinação de orçamento público”, diz Travassos. 

Orçamento para Defesa Civil do RS é de apenas R$0,70 por habitante

No Rio Grande do Sul, segundo dados da Lei Orçamentária de 2024 consultados pelo Greenpeace Brasil¹, somente 7.6 milhões foram destinados para a Defesa Civil – o equivalente a apenas 0,009% da receita total do estado para 2024. Com isso, o valor previsto para a Defesa Civil do RS é de R$0,70 [setenta centavos] por habitante. 

“Apesar de devastador, o cenário que estamos vivendo no Rio Grande do Sul não é algo novo ou inesperado para os governos. Essa previsão deveria se refletir em ações de adaptação, prevenção e orçamento para essas áreas, porém, de acordo com a lei orçamentária de 2024, o valor previsto para a Defesa Civil do RS é de apenas R$0,70 por habitante. É um dado escandaloso. Precisamos entender que eventos climáticos extremos ficarão cada vez mais frequentes e intensos devido à aceleração das mudanças climáticas”, finaliza Travessos. 

Para entender o emprego dos R$0,70 centavos por habitante e a gravidade desse valor, a previsão é que este montante contempla as seguintes ações:

  • Ampliar o Centro de Operações da Defesa Civil objetivando atuação eminentemente preventiva;
  • Reunir com técnicos da Defesa Civil para verificar os equipamentos e materiais necessários para o desenvolvimento satisfatório do projeto; adequar o espaço físico; adquirir e instalar os equipamentos;
  • Atender as comunidades atingidas por eventos adversos, através de ações de recuperação, assistência e socorro; adquirir equipamentos e materiais de construção, alimentos, medicamentos, roupas, etc.
  • Aparelhar a Defesa Civil com equipamentos necessários para atuação preventiva e de resposta em situações de emergência;
  • Desenvolver ações relativas à atualização do Sistema Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (SEGIRD), do Levantamento de Locais de Risco;
  • Recebimento de Planos de Contingência e da atualização da Política Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres.
  • Minimizar os efeitos da estiagem, maior desastre natural que tem afetado o Estado do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Responsável por altos prejuízos econômicos e financeiros, demanda ações preliminares voltadas à mitigação de seus efeitos.
  • Implementar um local que busque minimizar os desastres naturais ou tecnológicos que fazem parte da rotina do nosso Estado.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!