Com 11,4 mil focos, julho tem recorde de fogo para o mês em quase vinte anos. Dentre todos os biomas, a Amazônia registrou mais da metade dos focos de calor em julho, com 50,9% do total

Foto registrada por sobrevoo do Greenpeace Brasil no norte de Rondônia em 30 de julho de 2024. Créditos: Marizilda Cruppe / Greenpeace Brasil
  • Sobrevoos do Greenpeace Brasil realizados nos últimos dias registrou incêndios no sul do Amazonas e norte de Rondônia (baixe as imagens com os créditos aqui)
  • Amazonas foi o estado com maior número de focos de calor, com 4241 registros, recorde histórico para o mês – o uso do fogo no sul do estado está proibido desde o dia 05 de julho; Pará, com 3265 focos, e Rondônia, com 1617 focos, aparecem em segundo e terceiro lugares;
  • Os municípios campeões em focos de calor para o mês foram Apuí e Lábrea, no Amazonas, e Porto Velho, em Rondônia;
  • As terras indígenas que mais concentram focos de calor em julho são as que mais sofrem com garimpo historicamente: TI Munduruku e TI Kayapó;
  • Entre as Unidades de Conservação, a situação é especialmente preocupante no Parque Estadual de Guajará-Mirim, em Rondônia, com 40% dos registros em UCs.

A Amazônia teve 11.434 focos de calor em julho de 2024, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aumento de 98% em relação ao mesmo mês no ano passado (que registrou 5.772 focos de calor). O maior registro de fogo no mês foi 30 de julho, com 1348 registros em um único dia. 

Julho também teve o maior registro de fogo na Amazônia desde 2005, quando ocorreu o recorde histórico de 19 mil focos de calor para um mês de julho. No estado do Amazonas, o recorde de focos de queimadas é histórico, sendo o maior desde 1998, quando o Inpe iniciou as medições.

É esperado um aumento nos alertas de de desmatamento e nas queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo “verão amazônico”, período em há diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo. 

“No entanto, cabe lembrar que, mesmo assim, a grande maioria desse fogo tem sua origem por ação humana, seja propositalmente para desmatar ou queimar a floresta no chão, seja por perder o controle da queima de pastos e áreas de agricultura que acabam se espalhando”, explica o especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.

O porta-voz também alerta que julho é apenas o primeiro mês deste período seco na Amazônia, e que há previsões de uma seca muito severa no bioma em 2024. 

“Considerando que ainda temos mais três meses de verão amazônico, a situação do fogo e da seca, que já fez três estados decretarem estado de emergência, é de extrema preocupação na Amazônia.  A floresta e seus povos ainda não se recuperaram da última grande seca e dos incêndios florestais do ano passado e outra grande seca se avizinha que com muito fogo, pode levar a floresta ainda mais perto do ponto de não retorno”, explica Batista.

Caminhos para o combate do fogo“É preciso abandonar o uso do fogo na pecuária e agricultura, ficando seu uso restrito a povos indígenas, populações tradicionais que historicamente manejam o fogo em áreas muito pequenas e pequenos agricultores que não tem outra opção viável tecnicamente e financeiramente”, afirma o porta-voz.

“A Amazônia precisa de um planejamento sistemático do bioma, que passa por continuar combatendo o desmatamento e atingir o Desmatamento zero o quanto antes, mas também precisamos atuar fortemente na prevenção, no manejo integrado do fogo e criar verdadeiros batalhões de combate a queimadas e incêndios de biomas naturais que sejam estruturados, bem pagos e equipados para esse combate. Locais com difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia, precisam que o Brasil invista em um esquadrão de combate ao fogo, inclusive com aviões de grande porte dando suporte a esse combate. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano na Amazônia”, completa Batista.

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