Seca histórica que afeta a Região Norte agrava a situação, propiciando condições para o avanço das queimadas;

Pará, Maranhão e Amazonas são os estados da Amazônia Legal que concentram os maiores índices de focos de calor registrados pelo sistema de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Queimada na Gleba Abelhas, uma floresta pública não destinada federal localizada no município de Canutama (AM) | Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace Brasil

São Paulo, 1 de novembro de 2023 – Dados apresentados nesta quarta-feira (1) pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que outubro teve o maior número de focos de calor na Amazônia para o mês desde 2008. As informações do INPE mostram 22.061 focos de calor no bioma, em meio a um cenário de seca histórica na região que vem afetando milhares de pessoas. Pará (41,5%), Maranhão (15,6%) e Amazonas (14,1%) são os estados brasileiros da Amazônia Legal mais atingidos pelos focos de calor no mês. O Piauí, estado cuja vegetação é predominante de cerrado, concentra 10% dos focos de calor do país. 

Focos de calor são pontos geográficos captados por satélites de monitoramento – esses pontos apresentam temperatura acima de 47ºC e área mínima de 900 m², ou seja, são fortes indicadores de incêndios ou queimadas. O estado do Pará registrou o segundo pior mês de outubro da série histórica, perdendo apenas para outubro de 2008; já os estados do Amazonas e Acre bateram recorde: registraram o maior número de focos para outubro de toda a série, iniciada em 1998. Vale também mencionar que a cidade de Manaus está encoberta há dias pela fumaça das queimadas e incêndios.

“O número surpreendente de focos na Amazônia tem como facilitador a seca severa que se instalou na região. No entanto, muitas áreas queimam como parte do processo de desmatamento e na reforma de lavouras e pastagens. Nos últimos anos, grandes porções de floresta foram desmatadas e não queimadas, o prolongamento e intensificação do período seco é propício para concretizar tais atividades” explica Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil.

 A intensificação de atividades como as queimadas que ocorrem na floresta e a queima de combustíveis fósseis contribuem para a crise climática global e aumentam a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos, como secas severas, inundações e deslizamentos, episódios que têm sido cada vez mais recorrentes em todo o mundo. Trata-se de um ciclo destrutivo que ameaça a integridade das florestas, de seus povos e de toda a vida no planeta. Neste ano, a combinação de fatores entre El Niño, aquecimento do Atlântico Norte, queimadas e fumaça em localidades já afetadas por uma seca histórica, como a Região Norte do país, tornou a situação ainda mais alarmante. 

Em meio a esse contexto, vale ressaltar que o desmatamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil. Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) aponta a categoria “mudança do uso da terra” como responsável por 49% das emissões do país para o ano de 2021. 

“O cenário combinado de incêndios, seca e fumaça na Amazônia evidencia a crise tripla que vivemos com o agravamento da urgência climática refletido em secas mais intensas; perda de biodiversidade, com a morte de animais; e também a poluição do ar, com impactos na saúde das pessoas. Esse cenário já era previsto, e mais ações poderiam ter sido direcionadas para prevenção, adaptação e resposta. O mês de outubro é um novo lembrete para que governos ajam rapidamente e com mais ambição, seja em ações emergenciais, ações para prevenção e controle dos incêndios e desmatamento e nas políticas de adaptação às mudanças climáticas.”, finaliza Mazzetti.

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