© Christian Braga / Greenpeace

Brasília, DF – Sob intensa pressão nacional e internacional devido aos números crescentes de queimadas e desmatamento, e diante de um país que arde em chamas, o discurso negacionista do presidente Jair Bolsonaro na 75ª Assembleia Geral da ONU envergonha o povo brasileiro e isola o Brasil do mundo.

O Brasil concentra a maior floresta tropical do mundo (Amazônia), além da maior planície interior inundável do mundo (Pantanal). No passado o país já foi líder mundial de combate ao desmatamento. Entretanto, desde que Bolsonaro assumiu o poder, o país está se transformando em líder mundial em desmatamento. Segundo dados da Global Forest Watch, o Brasil foi o país que mais destruiu suas florestas em 2019, e este ano, os dados mostram que a situação só se agravou. Os efeitos de tamanha destruição se refletem nas queimadas que estão avançando sobre alguns dos principais biomas brasileiros, como o Pantanal, a Amazônia e o Cerrado.

Em seu discurso, Bolsonaro minimizou ou procurou negar esta realidade, ainda que todas as imagens de satélite disponíveis comprovem o tamanho da destruição.

“Negar ou minimizar o drama ambiental que o Brasil vive neste momento, resultado da política do governo Bolsonaro, agrava a difícil situação que o país enfrenta. Lamentavelmente, já estamos habituados a ouvir o presidente faltar com a verdade, desqualificar a ciência e buscar culpabilizar terceiros ao invés de assumir a responsabilidade constitucional que possui. Entretanto, quando o faz numa assembleia geral da ONU, diante de centenas de líderes de países, de investidores e do mundo todo, o presidente piora ainda mais a imagem do Brasil e agrava as sérias crises que enfrentamos”, comenta Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.

Mesmo com a proibição de queimadas imposta pela moratória do fogo desde 16 de julho, a Amazônia e o Pantanal registraram recordes de queimadas até a metade de setembro. Até o dia 21 de setembro, o Pantanal registrou 5.966 focos de calor, um aumento de 107% em relação a setembro todo do ano passado. Além do Pantanal, a Amazônia também já registrou 27.660 focos entre os dias 1 e 21 de setembro, um aumento de 38% em relação ao mês de setembro inteiro de 2019. Ao contrário do que foi afirmado pelo presidente, os incêndios na floresta amazônica não são resultado de um fenômeno natural, mas frutos da ação humana, sendo uma das principais ferramentas utilizadas para o desmatamento, especialmente por grileiros e agricultores, que o usam para limpar áreas para uso agropecuária ou especulação.

“Se considerarmos o ano todo, o Pantanal já queimou 185% a mais do que o ano passado e a Amazônia 12%. Um verdadeiro líder de um país soberano estaria neste momento colocando toda a sua capacidade de governança para agir de forma efetiva e impedir a tragédia que estamos vivenciando nos biomas brasileiros. Fingir que não viu, além de ser uma atitude irresponsável por parte de um presidente, significa condenar o futuro de todos os brasileiros”, afirma Mariana.

O mundo está vendo, horrorizado, a forma como o governo brasileiro trata as florestas a partir do desmonte sistemático das estruturas e políticas públicas que promovem a proteção ambiental. Não há planos, metas ou orçamento capazes de proteger as riquezas naturais do Brasil de forma concreta e eficaz. A política antiambiental do presidente está derretendo a imagem do país lá fora e colocando em risco a nossa economia.

“Ao invés de negar a realidade, em meio a destruição recorde dos biomas brasileiros, o governo deveria cumprir seus deveres constitucionais em prol da proteção ambiental e apresentar um plano eficiente para enfrentar os incêndios que consomem o Brasil”, finaliza Mota.

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