Organização levou cenário de desmatamento para a frente do prédio, como forma de denunciar as consequências do financiamento a desmatadores, grileiros e invasores de terras indígenas.

Representantes do BB se comprometeram a avaliar as propostas solicitadas pelo Greenpeace Brasil
Fotos e vídeos do ato aqui

Ato do Greenpeace Brasil em frente à sede do Banco do Brasil, nesta segunda (15).
Crédito: Tuane Fernandes/Greenpeace Brasil

Nesta segunda-feira (15), o Greenpeace Brasil realizou um ato pacífico em frente à sede do Banco do Brasil, em Brasília, e entregou, para representantes da instituição financeira, uma cópia do relatório “Bancando a Extinção: bancos e investidores como sócios no desmatamento”, cobrando que o banco aja imediatamente para que recursos financeiros não cheguem mais a atividades e imóveis rurais ligados à destruição da Amazônia. O Banco do Brasil se comprometeu a avaliar as demandas da organização ambiental. 

Em meio a troncos cenográficos de árvores cortadas e queimadas, ativistas e voluntários da organização seguraram faixas com frases de protesto, como “Banco do Brasil banca a extinção” e “Sem grana para o desmatamento”. Entretanto, seguranças do banco pisaram sobre um banner de 20 metros de comprimento, impedindo que ele fosse estendido na calçada em frente ao prédio.

O ato é referente à campanha recém-lançada pelo Greenpeace Brasil , que tem como base , uma investigação inédita. Os dados do estudo mostram como bancos públicos e privados, nacionais e internacionais, financiam, via crédito rural, propriedades, em toda a Amazônia, associadas a irregularidades como invasão de terras públicas e territórios indígenas, desmatamento ilegal, criação de gado em áreas protegidas e violação de direitos humanos. 

“O sistema financeiro precisa ser reformado. Alertamos que todas as instituições financeiras, sejam públicas, privadas ou cooperativas, devem agir agora para acabar com o fluxo de finanças que alimenta o desmatamento e a violação de direitos fundamentais em todos os biomas brasileiros”, explica Cristiane Mazzetti, coordenadora da frente de Florestas do Greenpeace Brasil.   

As demandas do Greenpeace Brasil referentes ao crédito rural não se restringem apenas ao Banco do Brasil, mas, conforme aponta Mazzetti, “escolhemos realizar o ato na sede do banco por ele ser o maior operador do crédito rural na Amazônia”.

Segundo o relatório Bancando a Extinção, o Banco do Brasil operou 44% do valor total dos contratos de crédito rural na Amazônia em 2022. Ainda de acordo com o documento, no período entre 2018 e 2021, a instituição forneceu 24 operações de crédito rural para 15 propriedades que possuem, em algum grau, sobreposição com a terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau ou com o Parque Nacional de Pacaás Novos, em Rondônia. Quatro dessas operações de crédito ainda estão válidas, e uma das demandas do Greenpeace é que estas sejam imediatamente canceladas pela instituição.

“Se o Banco do Brasil adotar critérios mais rigorosos para interromper a destinação de crédito para quem desmata e viola direitos, além de resultar em ganhos rápidos para a Amazônia, Cerrado, Pantanal – contribuindo para a meta nacional de zerar o desmatamento – essa mudança de postura  também pode inspirar outros bancos e reguladores a avançarem na agenda de proteção do meio ambiente. O Banco do Brasil tem duas escolhas: liderar pelo exemplo, ou continuar sendo viabilizador da destruição das nossas florestas”, afirma Mazzetti.

No dia 5 de abril, o Greenpeace Brasil apresentou ao Banco Central e ao Ministério Público Federal cinco casos de irregularidades na concessão de crédito rural na Amazônia. As denúncias protocoladas envolvem contratos operados pelo Banco do Brasil e outras quatro instituições (Sicredi, Banco da Amazônia, Banco Bradesco, Banco de Lage Landen Brasil [DLL, uma subsidiária do Rabobank no Brasil]), e somam contratos de mais de R$ 4,9 milhões concedidos entre 2018 e 2023.

Demandas do Greenpeace Brasil ao BB e demais operadores do crédito rural (confira as demandas na íntegra aqui):

1- Cancelar/Suspender imediatamente a concessão de crédito e investimentos para imóveis rurais e empresas com irregularidades socioambientais, além de fazer uma divulgação pública e periódica sobre suspensões/cancelamentos de crédito e investimento.  

2- Aumentar o rigor nos critérios para  a concessão do crédito rural, exigindo e verificando periodicamente aspectos como: a) a autorização para supressão de vegetação (quando for encontrado desmatamento após julho de 2008); b) rastreabilidade dos fornecedores indiretos quanto a desmatamento; c) consulta da área embargada pelo órgão estadual ambiental quando a informação não estiver disponível online; d) vedar a concessão de crédito rural para imóveis rurais que tenham usado fogo ilegalmente em sua propriedade no ano anterior e corrente;

3 – Revisar sua política de Responsabilidade Socioambiental e Climática de maneira a integrar aspectos ambientais mais específicos na gestão de risco de desmatamento e/ou outras questões socioambientais.;

4. Aumentar a transparência das operações financeiras e resultados  do processo de diligência socioambiental do banco.

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