Tragédia de 2019 reforça necessidade de interromper exploração do petróleo em prol de uma transição energética justa e popular – é preciso proteger a Amazônia da ameaça petrolífera

Óleo Encontrado em Recife, Pernambuco | Foto: © Joyce Farias / Greenpeace Brasil

São Paulo (SP), 28 agosto de 2023 – No próximo dia 30 de agosto, completam-se quatro anos  desde que o Brasil começou a sentir os impactos da maior tragédia ambiental já registrada em sua história. Segundo dados do Ibama, mais de cinco mil toneladas de óleo atingiram as praias de todos os estados do Nordeste, além de Espírito Santo e Rio de Janeiro, no Sudeste.
 A campanha Mar de Luta, formada por vítimas do derramamento, denuncia que as comunidades ainda sentem as consequências do vazamento diante do descaso do Estado, considerando que os mares são fonte de alimento, vida e trabalho.

“O problema da fome foi grande porque não tinha como pescar, nem como vender e até hoje a gente vê o impacto, porque mariscos mortos ainda continuam aparecendo, ostras também. Houve a diminuição dos peixes, dos camarões e não teve nenhum reparo ambiental, não teve pesquisa. Ainda por cima, o benefício que houve do governo federal, poucos receberam”, critica a pescadora Joana Mousinho, de Itapissuma (PE), integrante da campanha Mar de Luta.

Estima-se que o episódio tenha afetado mais de 300 mil pessoas, de aproximadamente 130 municípios, cuja subsistência vinha das atividades de pesca, principalmente artesanal. De acordo com valores publicados pelos órgãos públicos, foram gastos cerca de R$ 188 milhões para a limpeza das praias e oceano. O prejuízo ambiental, no entanto, é imensurável – o petróleo atingiu mais de 3 mil quilômetros do litoral brasileiro, devastando a fauna e a flora marinhas, poluindo as praias e colocando em risco a sobrevivência das comunidades que vivem do mar.

Marcelo Laterman, porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, afirma que o episódio é um triste lembrete do tipo de destruição que o petróleo pode causar na natureza, na população e na economia.

“Manter a memória deste crime e seus impactos brutais na vida de milhares de pescadores, pescadoras e comunidades é fundamental para que o país não volte a repetir os mesmos erros que atentam à sobrevivência dessas pessoas. O Estado brasileiro se mostrou inapto em conter os impactos do petróleo, acionar um plano de contingência eficaz  e garantir a segurança alimentar do seu povo. Ainda assim, insiste em avançar com fronteiras de exploração em áreas extremamente sensíveis do ponto de vista social e ambiental, como é o caso da bacia da Foz do Amazonas. A luta por reparação no nordeste deve continuar, e também por um futuro livre das ameaças do petróleo às populações tradicionais’, ressalta.
Para o Greenpeace Brasil e para a campanha Mar de Luta, é inadmissível que ainda coloquemos em risco ecossistemas inteiros e regiões sensíveis em nome do lucro por meio de uma fonte de energia que é uma das principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito-estufa e pela emergência climática.

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