Bioma também registrou aumento nos focos de calor em julho. Greenpeace Brasil vê período com preocupação e lembra que o país ainda está longe de alcançar a meta de desmatamento zero

Monitoramento do desmatamento, incêndio florestal e queimadas na Amazônia em julho de 2024 | Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace Brasil

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (07) os avisos de desmatamento na Amazônia para o mês de julho dentro de uma análise do período de agosto de 2023 à julho de 2024. Apesar da queda de 45,7% no período, a área com  desmatamento em julho voltou a subir, com julho fechando em 666 km² de desmatamento, contra os 499,91 km² registrados em julho do ano passado, um aumento de 33,2% para o período. Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). *(para comparar as taxas mensais, é preciso comparar o mesmo mês em diferentes anos) 

A coordenadora de Florestas do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, analisa que o período é de extrema atenção, uma vez que a Amazônia já registra recorde de queimadas e deverá passar por uma seca sem precedentes. 

“Apesar da boa notícia para o período,  vemos que o desmatamento na Amazônia voltou a aumentar em julho, os primeiros meses de 2024 bateram um recorde de fogo no bioma. A situação dos próximos meses não traz otimismo, já que a Amazônia está em seu período de estiagem e deve passar por mais um episódio de seca extrema, a exemplo do ocorrido no ano passado. Ou seja, não é hora de baixar a guarda, governo federal e estaduais precisam intensificar os esforços de prevenção do fogo, redução do desmatamento, além de aumentar o rigor para punir criminosos ambientais”, comenta Mazzetti. 

Segundo dados do BD Queimadas, sistema de monitoramento do Inpe, a Amazônia vem registrando recorde de queimadas em 2024. Em julho, o bioma registrou mais de 11,4 mil focos, a maior quantidade para o mês desde 2005, e um aumento de 98% em relação ao mesmo mês do ano passado. 

Nos dias 29 a 31 de julho, sobrevoos realizados pelo Greenpeace Brasil flagrou incêndios ativos no sul do Amazonas e norte de Rondônia (baixe as imagens com os créditos aqui).

Desmatamento 2023/2024

O Deter de julho é importante, porque fecha o calendário em que se mede o período de desmatamento na Amazônia, medido de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Assim, com os avisos mensais de desmatamento divulgados nesta quarta, é possível antecipar a tendência da taxa anual consolidada de desmatamento – e que deverá ser divulgada somente em outubro, por meio de um outro sistema de monitoramento, o Prodes. 

Nesse caso, a notícia é de queda acentuada: enquanto o período  passado (período 2022/2023) registrou 7.952 km² de desmatamento na Amazônia, a atual temporada fechou em 4.315 km², uma redução de 45,7%. Uma notícia boa, mas que deve ser celebrada com moderação, segundo a porta-voz do Greenpeace.

“A redução da área com alertas de desmatamento na Amazônia no último período é uma conquista importante. No entanto, estamos longe de alcançar a meta de desmatamento zero – meta que deve ser alcançada muito antes de 2030, já que a Amazônia está próxima do seu ponto de não retorno e a emergência climática já está batendo com força nas nossas portas, sendo o desmatamento a maior causa de emissões de gases do efeito estufa no Brasil”, afirma Mazzetti.

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