Apesar da diminuição, Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram o ranking dos estados com maiores taxas de alertas, enquanto o Cerrado registra aumento de 43% de áreas desmatadas em comparação com 2022

Unidades de conservação e Terras Indígenas também apresentaram queda nos alertas de desmatamento no ano passado, representando 48,19% e 67,37%, respectivamente

Monitoramento de Desmatamento e Queimadas na Amazônia em Agosto de 2023 | Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace Brasil

São Paulo, 12 de janeiro de 2024, Dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados nesta sexta-feira (12), indicam 5.153 km² de alertas de desmatamento na Amazônia em 2023. Isso representa uma redução de 49,86% em comparação com os alertas de desmatamento de 2022, que totalizaram 10.278 km² no período. Foi registrada também uma diminuição de 14,25% nos focos de calor na Amazônia, em relação ao ano de 2022, apesar das condições climáticas extremas intensificadas pelo El Niño no ano passado. Os estados com as maiores áreas de alertas foram Pará (1.904 km²), Mato Grosso (1.408 km²) e Amazonas (895 km²), que nos últimos anos se mantêm no ranking dos três estados com maior número de alertas de desmatamento.

Quanto aos municípios mais desmatados, é relevante destacar Altamira (PA) com 234,49 km², Apuí (AM) com 208,90 km² e Feliz Natal (MT) com 183,46 km². 

Além disso, observou-se uma redução nos alertas de desmatamento em Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas na Região Norte do país. O desmatamento total atingiu 99,24 km² dentro das TIs e 341,66 km² dentro das UCs, representando uma diminuição de 48,19% e 67,37%, respectivamente, em comparação com o ano de 2022. É fundamental ressaltar que, apesar da diminuição, esses desmatamentos não deveriam ocorrer nessas áreas, que, de modo geral, não permitem a retirada da vegetação nativa  

Para Ana Clis Ferreira, porta-voz do Greenpeace Brasil, a redução de alertas de desmatamento na Amazônia está atrelada à forte atuação dos órgãos de controle e fiscalização: “Em 2023, órgãos como Ibama, que sofreram um desmonte durante o governo anterior, tiveram autonomia para trabalhar, fiscalizar e multar os desmatadores e propagadores de incêndios florestais. É possível afirmar que essas ações colaboram diretamente para a redução do desmatamento e dos focos de calor na Amazônia ao longo do ano. Entretanto, o órgão que é essencial para a fiscalização dessas ilegalidades encontra-se de greve, frente a contínua desvalorização dos funcionários que exigem melhores condições de trabalho e reajuste salarial”. 

Apesar do cenário de queda na Amazônia, o Cerrado perdeu 7.852km² de vegetação nativa em 2023, um aumento de 43,73% em comparação ao ano anterior. A área desmatada é pela primeira vez em anos maior do que a área desmatada na Amazônia. 

“Para que possamos continuar diminuindo os alertas de desmatamento e de fogo na Amazônia e mudar o cenário atual do Cerrado, é preciso uma ação coordenada entre governo federal e os governos estaduais, somado a valorização dos órgãos e das pessoas que atuam diretamente no campo. Desta forma, podemos começar a avançar para alcançar a meta de desmatamento zero”, completa Ferreira.

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