Garimpo avança e deixa destruição na Terra Indígena Sararé  © Fábio Bispo / Greenpeace

Demarcada em 1985, a Terra Indígena (TI) Sararé, lar do povo Nambikwara, está sob ataque. Cerca de 250 indígenas, distribuídos em sete aldeias, vivem em um território de 67 mil hectares que está sendo desmantelado pelo avanço do garimpo. Centenas de escavadeiras, operadas por garimpeiros, desafiam diariamente as forças de segurança e de proteção ambiental em uma disputa constante. O garimpo avança a menos de 200 metros das aldeias, ameaçando a sobrevivência de um povo e de suas tradições.

O ano de 2024 marcou um recorde de alertas de garimpo na TI Sararé, com 570 hectares de destruição identificados pelo DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), superando até mesmo a TI Kayapó, que registrou 285 hectares. O número de alertas saltou de 7,2 em 2020 para 929 hectares no total de alertas gerais, área equivalente a 1.274 campos de futebol. Esta devastação não é apenas uma tragédia ambiental, mas também uma grave questão de segurança pública.

Relatos das lideranças indígenas indicam que facções criminosas regionais, ligadas ao Comando Vermelho (CV), estão operando nos garimpos abertos de norte a sul, ao longo do limite oeste do território. Essas facções controlam a maioria das currutelas (pequenos acampamentos garimpeiros), e espalham violência. Mais de 10 indígenas estão sob ameaça de morte, e o território, que já foi palco de conflitos por espaço entre os próprios garimpeiros, registra um número crescente de assassinatos. Desde o ano passado, mais de 10 garimpeiros foram mortos na disputa por áreas de exploração.

Escavadeiras: ferramentas de destruição

A falta de controle sobre o comércio de escavadeiras é o hoje maior desafio para a proteção das Terras Indígenas invadidas pelo garimpo na Amazônia. Em 2023, a TI Sararé registrou a maior apreensão de escavadeiras, com cerca de 29 máquinas confiscadas e destruídas. No entanto, as autoridades não conseguem identificar seus proprietários, o que dificulta a responsabilização das organizações criminosas que financiam e lucram com os garimpos espalhados pela Amazônia.

Essas escavadeiras, frequentemente escondidas na floresta ou em cidades próximas para evitar a fiscalização, são responsáveis pela devastação em larga escala, e são peça chave para a viabilidade dos garimpos. Operadas de forma coordenada, elas podem remover grandes volumes de terra, permitindo a extração de até 1 kg de ouro por dia em cada frente de lavra. Monitorar e documentar o uso dessas máquinas é essencial para pressionar por regulamentações mais rígidas e uma fiscalização contínua.

Desde o ano passado, o Greenpeace Brasil vem pedindo ao Ministério do Meio Ambiente que inclua revendedores e compradores das escavadeiras no Cadastro Técnico Federal (CTF). Esta medida pode garantir a rastreabilidade mínima dessas máquinas, sendo um ponto de partida para investigações e ações de reparação dos danos causados por milhares de escavadeiras floresta adentro.

Libertar a Amazônia do garimpo deve estar no horizonte de todas as políticas de conservação da biodiversidade e no enfrentamento à crise climática. De forma que sejamos capazes de planejar e implementar uma uma nova economia para a Amazônia, capaz de conviver com a floresta, respeitar os direitos humanos e superar a pobreza. 

A devastação causada pelo garimpo ilegal não pode continuar impune. A sobrevivência do povo Nambikwara e a integridade de seu território dependem de uma ação imediata e coordenada. Mais de 185 mil pessoas já demonstraram seu apoio à campanha ‘Amazônia Livre de Garimpo’. Faça parte desta luta assinando a nossa petição.

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