A cota mínima no Rio Negro se junta a outros recordes, como o de menor nível no Rio Madeira e do Solimões, revelando quão extrema vem sendo a estiagem deste ano

Ação realizada pelo Greenpeace brasil no Porto de Manaus, durante a seca histórica do rio negro. 17 outubro de 2023. Foto: Christian Braga / Greenpeace Brasil

O Rio Negro alcançou nesta segunda-feira (16/10) a marca histórica de 13,59 metros, considerada a seca mais severa desde que foram iniciadas suas medições hidrográficas, em 1902, segundo dados divulgados pelo Porto de Manaus. O recorde anterior era de 2010, quando a cota chegou a 13,63 metros. E ontem (17/10) foi a vez do Rio Solimões em Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus, atingir a sua mínima histórica de 3,81 metros, segundo divulgado pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB).

“O nível grave, acentuado pela pior seca da história em Manaus, é um indicativo do evento climático extremo enfrentado pela Amazônia. Ações capazes de amenizar as consequências dessa situação poderiam ter sido implementadas antes”, defende Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil. 

Na semana passada o Rio Madeira também havia atingido seu menor nível histórico, chegando a 121,5 centímetros na altura de Porto Velho (RO) e esta semana o rio Amazonas já atingiu a mínima recorde na estação de medição de Almeirim (PA), chegando a 210,8 cm, e está prestes bater a mínima também na altura de Óbidos (PA). Dezenas de municípios no Acre, Amazonas e Pará já declararam situação de Emergência.

Para Rômulo Batista, as ações dos governos estaduais e federal têm sido lentas e insuficientes para o tamanho do desastre ambiental que estamos enfrentando. Estima-se que, só no Amazonas, 584 mil pessoas já foram afetadas pela estiagem, segundo dados da Defesa Civil do Estado.

“É hora dos governos se unirem e da sociedade brasileira se engajar para mitigar o máximo possível os impactos advindos da seca extrema”, disse.”Não podemos seguir aguardando as crises acontecerem para, só depois, agir. A médio e longo prazo, é urgente a discussão de políticas públicas para a elaboração de estratégias e ações de mitigação e adaptação, que zelem pela vida das populações, em especial àquelas mais expostas aos impactos dos eventos extremos causados pela crise climática. Não tem como falar em crise do clima sem falar de justiça social”. 

Ajuda humanitária

Neste momento de emergência, o Greenpeace Brasil está trabalhando em parceria com organizações da sociedade civil para levar itens de primeira necessidade para as vítimas da seca extrema e prolongada na Amazônia. Até o momento, já foram entregues mais de 3 toneladas de alimentos para populações do Médio Solimões e nos próximos dias e semanas serão entregues mais 19,3 toneladas de alimentos aos mais afetados.  

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