Junto de pesquisadores e especialistas de todo o mundo, Greenpeace inaugura aliança pelo controle e combate internacional de agrotóxicos

Você já parou para se perguntar qual é a história da água que vem da sua torneira? Há quantos séculos ela nasceu? Quantos quilômetros já percorreu? Quais memórias carrega consigo? E onde ela vai acabar? 

A água é o bem mais precioso para todas as espécies e gerações, pois sem ela não há vida. Mas apesar de sua vitalidade e ancestralidade, a água do planeta está cada vez mais escassa e contaminada. Mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável – 35 milhões no Brasil, sendo que os agrotóxicos são a segunda maior causa de poluição das águas brasileiras.

 “Agrotóxicos que já não são mais permitidos em muitos países têm circulado livremente pela água no Brasil, sem monitoramento ou fiscalização, o que amplia as injustiças e os prejuízos socioambientais, deixando populações e a natureza ainda mais expostas a perigos”, explica Marina Lacorte, porta-voz de Agricultura do Greenpeace Brasil. 

Entre os principais benefícios do combate aos agrotóxicos está o potencial de impulsionar todo o planeta na direção de uma agricultura mais ecológica, justa e saudável.


Aliança global contra agrotóxicos na Conferência da Água 

Para alertar sobre a urgência de proteger nossas águas e de cumprir metas globais, foi realizada a “Conferência das Nações Unidas sobre Água de 2023”, em Nova York, do dia 22 a 24 de março. Um dos pontos altos foi o lançamento da Aliança Internacional para Regulamentação de Agrotóxicos, a IPSA (em inglês, International Pesticides Standards Alliance), com a participação do Greenpeace e de cientistas e instituições que estudam agrotóxicos e seus prejuízos à água e saúde pública.

O objetivo da IPSA é criar um marco regulatório internacional de agrotóxicos para eliminar gradualmente o uso dessas substâncias com a intenção de que, futuramente, se torne um acordo ratificado entre países. A idealizadora da iniciativa é a renomada pesquisadora Larissa Bombardi e, atualmente, a aliança conta com representantes de cinco continentes: América Latina, África, Ásia, Oceania e Europa.

O governo brasileiro também esteve presente no lançamento da IPSA e a declaração oficial da aliança global para regulamentar agrotóxicos foi entregue ao Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que representou a ministra Marina Silva e se comprometeu a discutir o tema com sua equipe, considerando sua importância e urgência.

Agrotóxicos banidos na Europa são permitidos (e muito utilizados!) no Brasil 

Você sabia que meio milhão de toneladas de agrotóxicos PROIBIDOS na União Europeia foram comercializados no Brasil entre 2020 e 2021? A Europa é uma das regiões mais restritivas para agrotóxicos, mas mesmo assim vendeu para o Brasil 30% dos venenos autorizados nos últimos quatro anos, inclusive agrotóxicos altamente perigosos.  

Outro exemplo é o glifosato, o agrotóxico mais usado no Brasil: em solo brasileiro, o limite é CINCO mil vezes maior do que a quantidade autorizada na União Europeia. Essa realidade é injusta e cruel, e quem mais sofre são as comunidades mais pobres.

Outros venenos até mesmo cancerígenos que já foram proibidos em diversos países seguem autorizados e vendidos para países do sul global, como o Brasil, que ainda importa a maioria dos princípios ativos de agrotóxicos do exterior. 

Rumo ao controle e combate aos agrotóxicos em todo o mundo! 

Diversos especialistas, inclusive em direitos humanos, denunciam um “duplo padrão” de segurança entre os países do norte e do sul global, perpetuando um colonialismo através dos agrotóxicos, o que agrava a desigualdade social, a insegurança alimentar e a crise climática. 

“Se os prejuízos causados pelos agrotóxicos são universais, por que as leis variam tanto entre os países? Essas discrepâncias não cabem mais no mundo atual, que busca equidade e sustentabilidade! Contaminar as águas é um ato de violência contra toda a humanidade”, afirma Lacorte. 

Se você também acredita em um mundo melhor, com água potável e comida saudável para todas as famílias, participe do manifesto por uma agricultura ecológica.

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