Treze praias em seis cidades apresentaram manchas de óleo; poder público precisa adotar providências imediatamente

No final de janeiro, novas manchas de óleo surgiram de uma hora para outra nas praias do Ceará. Foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Fortim

Desde a semana passada, as autoridades ambientais do Ceará estão atentas: novas manchas de óleo foram encontradas em pelo menos 13 praias de seis cidades diferentes, incluindo a capital Fortaleza. Ainda não se sabe a origem deste material e a real extensão do dano ambiental causado por este incidente – mas é preciso que as autoridades deem uma resposta rápida ao ocorrido e evitem o que aconteceu em 2019, quando a lentidão do poder público provocou diversos prejuízos sociais, econômicos e ambientais e deu origem a tristes imagens que rodaram e envergonharam o Brasil.

Os primeiros relatos surgiram há cerca de dez dias – fomos informados do caso por nosso grupo de voluntários no Ceará e estamos acompanhando a situação junto às autoridades ambientais, como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Marinha. Cientistas da Universidade Federal do Ceará também estão estudando as novas manchas de óleo. Um laudo técnico sobre a situação deve sair em 20 dias.

“As autoridades precisam ter senso de urgência e agir de maneira mais rápida e não esperar 20 dias pelo laudo técnico das análises. Precisamos de uma ação eficaz, principalmente do governo federal, que deve colocar em prática urgentemente o Plano de Contingenciamento Nacional, que existe desde 2013. Ainda está viva na memória de todos a vagarosidade com que o governo agiu em 2019 e como as pessoas e organizações tiveram que se mobilizar sozinhas para ajudar comunidades de pescadores, recolher manchas de óleo e fazer pesquisas para saber o que estava acontecendo. As autoridades precisam ter senso de urgência e agir de maneira mais rápida”, disse a estrategista da Campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil, Pamela Gopi.

Contaminação

Biólogos já alertaram que este material é tóxico e contamina a vida marinha – algumas das manchas foram registradas em locais de desova de tartarugas e, mesmo que os animais sejam vistos em aparente bom estado, é possível que eles já tenham sido contaminados com a presença do óleo nas águas e areias. 

Vale lembrar que, em 2019, naquele que ficou conhecido como o maior desastre ambiental da costa brasileira, o vazamento de petróleo cru contaminou áreas sensíveis como praias, mangues e inúmeras espécies da vida marinha, como peixes, aves e quelônios. Moradores locais como pescadores e marisqueiros tiveram sua saúde prejudicada, assim como as atividades econômicas às quais eles se dedicam, como a pesca e o turismo ecológico. Pequenas comunidades tiveram sua estrutura social profundamente afetada. [Leia mais sobre esse desastre ao fim do blog]

Mapa mostra os municípios que registraram aparecimento de manchas de óleo no final de janeiro

Chega de petróleo!

Vale lembrar também que vivemos hoje uma emergência climática cuja causa principal é a queima de combustíveis fósseis. O governo federal precisa com urgência abandonar o uso do petróleo e acelerar a transição para uma nova matriz energética, garantindo a expansão sustentável de outras fontes de energia, como a solar. O Brasil do futuro deve possuir uma matriz energética limpa, justa e renovável. Como vimos em 2021, as secas extremas e as fortes chuvas intensificadas pelas mudanças climáticas geraram uma consequência direta para o bolso dos brasileiros: o aumento da conta de luz. Isso se deu porque vivemos um período de forte estiagem, com consequências diretas às usinas hidroelétricas e a religação de usinas que usam como base combustíveis fósseis, como foi o caso das usinas a carvão.

Relembrando

O ano de 2019 foi marcado, entre outras coisas, pelas tristes imagens de petróleo cru nas praias brasileiras. Foram pelo menos nove estados e 130 cidades afetadas naquele que ficou conhecido como o maior desastre ambiental da história da costa brasileira e que provocou prejuízos do Maranhão ao Rio de Janeiro. 

Assim como diversas outras organizações da sociedade civil, na época nos dedicamos a entender e combater este problema: enviamos equipes que permaneceram um mês na região fazendo fotos, vídeos e relatos que embasaram diversos materiais de documentação e denúncia; cobramos ações do governo federal para proteger e amparar os prejudicados pelo óleo, como pescadores e marisqueiros; realizamos trabalhos de pesquisa e investigação, percorrendo em um veleiro mais de 220 quilômetros e realizando mergulhos para estudar a real natureza das manchas e o nível de toxicidade das águas; e distribuímos mais de 900 equipamentos de proteção individual como botas, luvas e máscaras para voluntários envolvidos nas limpezas das praias.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!