As mudanças no clima, e a falta de vontade política para proteger o Planeta, podem mudar para sempre nossas vidas. E os mais pobres serão os mais impactados

As mudanças no clima podem intensificar a ocorrência de eventos extremos, como chuvas intensas ou grandes estiagens, como a que atingiu a região sudeste do Brasil em 2015.

Neste 14 de maio, celebramos o Dia Internacional do Clima. Esta é uma data importante para lembrar da importância que o clima tem em nossas vidas e que a crise climática é mais um agravante à desigualdade social.

Os impactos das chuvas, da poluição do ar em nossas cidades e a degradação dos oceanos não são sentidos e percebidos da mesma forma pelas diferentes camadas sociais. Infelizmente, são justamente as pessoas mais pobres e que menos contribuem para o agravamento da crise climática que acabam sofrendo mais. 

Precisamos seguir pressionando governos e empresas para que revejam o atual modelo socioeconômico, injusto e desigual. Para que seja possível migrar de um modelo extrativista e predatório para um modelo que considere o bem-estar das pessoas e os limites e processos da natureza. Só assim será possível cumprir com o compromisso de evitar que o aumento da temperatura média da superfície do planeta chegue a 1,5°C, que é considerado o limite para evitar os piores impactos da crise climática.

No Brasil, a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas, é a mudança do uso do solo, ou seja, o desmatamento de paisagens naturais para uso em outras atividades, como a pecuária ou o plantio de commodities. Essa classe é responsável por 44% das emissões do País, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) de 2019. As emissões decorrentes da produção e uso da energia respondem por 19% do total. 

Assim, se quisermos contribuir para o equilíbrio climático, além de buscar o desmatamento zero, precisamos abandonar o uso de combustíveis fósseis e fazer uma transição energética justa, que leve em conta os trabalhadores. A tecnologia e o conhecimento para fazer essa transição já existem e nosso país tem acesso a todas elas. Mas para mudar, é preciso coragem e vontade política, que estão em falta no momento.

Parlamentares, alinhados à política antiambiental do governo Bolsonaro, têm passado um verdadeiro trator sobre as leis e normas de proteção ambiental do Brasil. Nesta semana, por exemplo, foi aprovado na Câmara o PL 3.729/2004, que praticamente extingue o licenciamento ambiental no país. O licenciamento é um dos principais instrumentos de proteção do meio ambiente e das populações afetadas por empreendimentos como a construção de hidrelétricas, barragens e rodovias. Seu enfraquecimento é uma ameaça a mais à crise climática. 

No Dia Internacional do Clima, é preciso lembrar que muito do sofrimento das pessoas em situação de vulnerabilidade, agora e no futuro, poderia ser evitado. Um governo sério, que diz respeitar cidadãs e cidadãos, é um governo que atua contra a crise climática e busca diminuir o enorme abismo social que vivemos no Brasil. Este é o desafio da nossa Era e o Brasil precisa correr, se não quiser que seu povo pague a conta. 

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