Graças a combinação perigosa provocada pela ação humana, o país assiste a escalada no número de focos de fogo em grande parte do seu território

Durante sobrevoo, Greenpeace Brasil registra incêndios florestais e queimadas em Unidades de Conservação e propriedades rurais financiadas com crédito rural na Amazônia. Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace

O Brasil está em chamas devido à combinação perigosa dos eventos climáticos extremos e da ação humana! Sabemos que, ano após ano, o fogo criminoso consome milhares de hectares dos biomas brasileiros e ameaça a sobrevivência da biodiversidade e de todos nós. Mas ao fecharmos o mês de agosto, os dados mostram um caminho dramático e quente de aumento dos focos de fogo para o mês, em comparação ao mesmo período em 2023 na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Nesse cenário angustiante, a impunidade é a gasolina que alimenta toda essa destruição e cabe às autoridades uma resposta rápida: investigação e responsabilização dos incêndios criminosos e forte atuação na prevenção e estratégias de adaptação à realidade de eventos extremos.  

Segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto, o número total de focos de fogo atingiu a marca de 38.266 na Amazônia, o que representa um aumento de 120% em comparação ao mesmo período em 2023. O Pantanal teve um aumento de 3.910% nas queimadas em relação a agosto do ano passado, embora ainda não tenha superado os números de 2020, quando os focos de incêndio atingiram a marca de 5.935, em comparação aos 4.411 registrados neste ano. Já o Cerrado registrou um aumento de 171% nos focos de incêndio no mês. 

Comparando o período de janeiro a agosto, 2024 foi o período com o maior número de focos acumulados na Amazônia desde 2005, totalizando 63.189.

As consequências causadas pelo fogo não respeitam fronteiras. Além de trazer danos às pessoas que vivem próximas, a fumaça das queimadas da Amazônia e Pantanal viajaram para regiões distantes. Além disso, o estado de São Paulo teve o pior mês de agosto desde o início das medições do Inpe, em 1998, registrando 3.612 focos de calor. Algo nunca antes visto. As motivações ainda estão sendo apuradas, já que em um só dia (23/08) o número de focos no estado superou os focos registrados em todo o bioma Amazônia, onde nessa época do ano o uso de fogo criminoso é comum.   

“O fogo que vemos consumindo o país e impactando a nossa saúde é iniciado pela ação humana e, nas circunstâncias que vivemos de eventos climáticos extremos, parece estar se tornando uma estratégia barata de destruição da natureza que ainda passa impune. Os responsáveis precisam ser identificados e devidamente punidos, e a impossibilidade de acessar financiamento neste tipo de situação é uma medida que deve ser estabelecida por bancos e reguladores”, comenta Thais Bannwart, porta-voz do Greenpeace Brasil.

O estudo que lançamos sobre os 5 anos do Dia do Fogo, e um outro levantamento sobre áreas embargadas que receberam crédito rural nos biomas reforçam a necessidade de acabar com a impunidade e restringir o financiamento para quem adota práticas produtivas destrutivas.  

Cinco ações que o Greenpeace Brasil defende para enfrentar esse desafio:

  1. Os governos precisam aumentar o rigor para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos – além de embargar e multar quem incendeia o bioma, é necessário efetivar o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. Da mesma forma, as investigações conduzidas pelas polícias precisam resultar em penalidades aos responsáveis. O uso de tecnologias pode e deve ser incorporado às investigações para dar celeridade e precisão às investigações;
  1. Os governos precisam aumentar a capacidade operacional para prevenção e combate aos incêndios. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano. As brigadas precisam ser bem estruturadas e equipadas para prevenir ou conter rapidamente quando o fogo for iniciado; 
  1. Em um cenário de eventos climáticos extremos, os governos precisam desenvolver planos de ação de curto, médio e longo prazo para adaptação às mudanças climáticas;
  1. Os governos precisam continuar combatendo o desmatamento, como também buscar atingir o Desmatamento Zero ainda antes de 2030, que é a maior contribuição que o Brasil pode dar para ajudar a mitigar os efeitos da crise climática que vivemos; 
  1. Bancos PRECISAM AGIR AGORA! Em abril, o Greenpeace Brasil lançou o relatório “Bancando a Extinção”, onde denuncia como a falta de controle adequado das instituições financeiras na concessão de crédito rural beneficia produtores rurais envolvidos com desmatamento, fogo, grilagem e demais irregularidades socioambientais e cobra que o sistema financeiro estabeleça, entre outras ações, o monitoramento contínuo das áreas financiadas e o impedimento de acesso à crédito para quem fez uso ilegal do fogo. 

Afinal, quem financia infratores ambientais também é parte do problema e precisam agir. E é por isso que te convidamos para se juntar a nós e pressionar os bancos para que aumentem o rigor das suas regras e parem de financiar fazendas que estão contribuindo com o caos climático que vivemos. 

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!