Hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, e a nossa mensagem carrega, para além da celebração, a consciência de que a luta por equidade e respeito está mais viva e necessária do que nunca. Hoje e sempre, marchamos pela liberdade.

2022 trouxe de volta rastros de uma normalidade pré-pandêmica. Reencontros, festas e festivais só foram possíveis graças à ciência, às vacinas e a um sistema de saúde público e universal como o SUS. Todos eles resistiram, e ainda resistem, ao embate de um governo negacionista e irresponsável. 

Essa normalidade trouxe também de volta a Parada LGBTQIAP+ de São Paulo, a maior do Brasil, e uma das maiores do mundo, onde milhões de pessoas saem para as ruas, cheias de cores e orgulhosas da sua representatividade, mostrando o que é mais precioso da nossa sociedade: sua diversidade. O Greenpeace Brasil teve a honra de marchar pela primeira vez, junto com seus colaboradores e voluntários.

Em meio a cartazes, danças, abraços e gritos de resistência, também prevaleceu a memória e o respeito. O mês de junho carrega mesmo essa dualidade entre o festejar e o resistir. Ao mesmo tempo que queremos e devemos, como fizemos na parada, celebrar a beleza de sermos quem somos e amarmos quem quer que seja, temos dentro do peito essa angústia e medo – de tantas violências físicas e simbólicas. Quando a consciência bate na porta e enxergamos com clareza a realidade dos fatos, vemos o real motivo de estarmos ali, marchando lado a lado. E hoje, mais do que nunca, precisamos falar sobre isso. 

A exclusão histórica da comunidade LGBTQIAP+, principalmente das pessoas trans e travestis, não pode continuar sendo parte do dia a dia do país. Segundo dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) cerca de 70% das pessoas trans não concluíram o ensino médio e apenas 0,02% estão cursando o ensino superior. O não ou pouquíssimo acesso ao ensino arrasta essas pessoas para condições de vida e trabalho extremamente precarizadas, colocando-as em situação de vulnerabilidade. Isto é mais sério quando falamos de outras interseccionalidades como raça/etnia, origem e condições socioeconómicas não privilegiadas. E a realidade continua mais dura: De acordo com o projeto Trans Murder Monitoring, em 2021, a cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, 4 ocorreram no Brasil. Foram 12 mortes registradas apenas no mês de setembro de 2021. A expectativa de vida de uma pessoa trans ou travesti é de 35 anos.

A pandemia deixou um legado assolador com a diminuição da renda e/ou perdas de empregos, principalmente para as pessoas LGBTQIAP+: o desemprego atingiu aproximadamente 17,15% das pessoas da comunidade, porcentagem que aumenta para 20,47% quando analisadas as pessoas trans. A insegurança alimentar atingiu 41,5% da comunidade em geral, e em relação às pessoas trans, a porcentagem sobe para 56,8%. 

Um dos principais motivos para isso ainda acontecer é a ausência de políticas públicas destinadas às pessoas LGBTQIAP+, em especial aquelas mais vulnerabilizadas: negros, ou pertencente a um grupo racializado (não branco) e periféricos. Por isso, precisamos pôr em prática o lema da Parada deste ano: “vote com orgulho – por uma política que representa”.

O Greenpeace acredita que cada um de nós, sozinhos, com nosso ativismo pelas causas ambientais e humanas, somos capazes de fazer muitas coisas, mas, a transformação dessa dura realidade só será possível através de um voto mais consciente, representativo e progressista. Precisamos engajar mais eleitores nesse objetivo. Só assim seremos capazes de garantir um futuro viável, possível e humano para a comunidade LGBTQIAP+, e para nossa sociedade como um todo.

Seguiremos marchando na frente da diversidade e inclusão enquanto nós resistirmos, afinal, nossa essência é formada por pessoas – de todas as cores do arco íris. E contamos com você durante essa jornada. 

Quer saber mais sobre diversidade? Entre para o nosso grupo do Conexão Verde e conecte-se com pessoas do Brasil inteiro que têm os mesmos desejos de transformação que você.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!