Em uma de suas últimas entrevistas, aviador agrícola afirmou que o glifosato “vai fazer com que não reste ninguém”

Fabián Tomasi, símbolo da luta contra os agrotóxicos
Enquanto aviões ainda lançam agrotóxicos, o veneno jogado por eles segue contaminando e tirando vidas. Símbolo da luta contra os agrotóxicos, o argentino Fabián Tomasi morreu aos 53 anos na última sexta-feira, em decorrência de uma polineuropatia tóxica severa. Fabián contraiu a doença após trabalhar por anos com aviação agrícola, pulverizando pesticidas em plantações na Argentina.
Fabián, que ficou doente há uma década, sentiu no próprio corpo os impactos de substâncias altamente tóxicas usadas na agricultura, como o glifosato e o endosulfan. A polineuropatia, um distúrbio neurológico que resulta do mau funcionamento dos nervos periféricos, fez com que ele perdesse massa muscular, não conseguisse ingerir alimentos sólidos e sentisse muitas dores nas articulações, que limitavam sua mobilidade.
O aviador decidiu passar os últimos anos de sua vida denunciando os perigos do uso de agrotóxicos, inclusive se deixando fotografar. Em uma de suas últimas entrevistas, meses atrás, alertou a respeito do glifosato, usado para eliminar plantas chamadas de “daninhas” (indesejáveis naquela cultura): “Vai fazer com que não reste ninguém”. Fabián acrescentou que trata-se de uma substância “tremendamente enganosa, uma armadilha que pessoas muito poderosas nos colocaram”.
Evidências do efeito cancerígeno do glifosato têm aparecido em processos judiciais. Por conta de seus herbicidas contendo esse veneno, a Monsanto carrega nas costas mais de oito mil processos atualmente, só nos Estados Unidos, e esse número tende a aumentar. No mês passado, a gigante do agronegócio foi condenada a pagar o equivalente a R$ 1,1 bilhão ao jardineiro Dewayne Johnson, que declarou ter contraído câncer após usar os agrotóxicos “Round Up” e “Ranger Pro” da empresa.
Outro caminho é possível
Sabemos que um caminho alternativo ao uso de agrotóxicos é possível e necessário, basta que haja pressão da sociedade e vontade política. Com uma distribuição responsável e com uma transição adequada, a produção agroecológica é capaz de alimentar todo o planeta. No Brasil, por exemplo, está em análise a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA) – PL 6.670/2016, um antídoto contra o Pacote do Veneno. A PNaRA representa a esperança de uma agricultura sustentável e justa, que garanta a saúde e a segurança alimentar da população brasileira.
Fabián, que teve sua história contada pelo jornalista Patrício Eleisegui no livro “Envenenados” e foi retratado pelo fotógrafo Pablo Piovano, ambos argentinos, continuará a ser um exemplo de resistência para todas as pessoas que lutam por uma agricultura sem veneno, que não prejudique quem planta e quem come.
Você pode se juntar a nós na campanha contra os agrotóxicos. Assine e divulgue a petição #ChegaDeAgrotóxicos
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Discussão
Eu não sabia disso! Quantas pessoas não sabem disso!! Lido com pessoas com as mais variadas enfermidades físicas e espirituais, mas muitas delas podem ser causadas por estes venenos... Obrigado por alertar e pretendo divulgar esta informação.
Já sabia disso ,meu filho é vegetariano e ja me passou esta informação,espero que através deste artigo muitas pessoas possam possam chegar ao entendimento.
Os agrotoxicos sâo um perigo para quem planta e para quem consome eu também sou uma vitima desse envenenamento.
Se cada um de nós profissionais da Agricultura tiver consciência do que podemos fazer para minimizar os usos de defensivos agrícolas e usar práticas agroecológicas na produção de alimentos, assim menos pessoas serão afetadas . Porque a união faz a força...vamos produzir alimentos saudáveis e garantir a sobrevivência da humanidade. Sou engenheira agronoma e sei que é possível.
Não quero comer mais veneno e principalmente não quero que meus netos nem as gerações futuras passem pela situação atual. Não precisamos morrer de câncer! Socorro! Se juntem a nós.
Brasil #Não aceite a ministra da agricultura indicada pelo Futuro presidente.
Eu concordo e assino o manisfesto. "chega de agrotóxicos"
K
Juntos somos fortes!!!
As populações indígenas e os povos ribeirinhos que vivem na Amazônia devem se preparar para o pior. As terras habitadas por eles há séculos abrigam riquezas naturais de valor inestimável, que no passado foram exploradas pelos conquistadores portugueses e atualmente são cobiçadas pelos novos colonizadores: mineradoras internacionais, empresas petroleiras, fazendeiros, pecuaristas, madeireiras, carvoarias, complexos hoteleiros, empresas engarrafadoras de água e até especuladores imobiliários. É difícil dizer qual dessas atividades é mais nociva, uma vez que a maioria visa exclusivamente o lucro e, para alcançar seu objetivo, destrói a natureza que sustenta o modo de vida de índios e de ribeirinhos. A agricultura brasileira está na lista dos maiores consumidores de veneno do planeta: o agrotóxico pulverizado sobre as monoculturas contamina os alimentos, infiltra-se no solo e atinge os lençóis freáticos. O garimpo arrasa a floresta: derruba árvores; abre clareiras na mata; desvia cursos de rios e cria cavas imensas onde os garimpeiros despejam mercúrio para descobrir metais preciosos. Depois de contaminar rios e lagos, o mercúrio penetra na cadeia alimentar dos seres humanos, aloja-se nos corpos de peixes e de outros animais aquáticos e os deixa impróprios para consumo. Se ingeridos, os peixes contaminados causam danos neurológicos incapacitantes e irreversíveis. Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte. O caso da Baía de Minamata, ocorrido no Japão na década de 1960, é um exemplo de envenenamento por mercúrio que deve servir de alerta às populações da Amazônia invadida por mineradores que usam essa substância mortalmente tóxica para procurar ouro. https://g1.globo.com/pa/para/noticia/laudo-confirma-vazamento-de-rejeitos-de-mineradora-em-barcarena-no-pa.ghtml https://www.greenpeace.org/brasil/blog/morre-fabian-tomasi-simbolo-da-luta-contra-os-agrotoxicos/?utm_campaign=agricultura&utm_content=81639323&utm_medium=social&utm_source=facebook&hss_channel=fbp-159103797542 https://reporterbrasil.org.br/2018/12/agrotoxicos-proibidos-europa-sao-campeoes-de-vendas-no-brasil/?fbclid=IwAR0Z3cH5YcjkNJzcjn9EoiQqV02Qj0vpona0PRJ3dg6QMylx2J3hA5IsSsk https://www.youtube.com/watch?v=7e5XQ_DXUaU&feature=share https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/apreaa/noticia/perigo-o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxicos-do-mundo.ghtml http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2018-03-12/mineradora-dejetos-para.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Desastre_de_Minamata https://www.facebook.com/aguasualinda/photos/a.393790754123352.1073741828.393341070834987/1057198287782592/?type=3&theater http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/581211-pesquisa-demonstra-que-ma-formacao-congenita-e-puberdade-precoce-sao-causadas-pelo-uso-de-agrotoxicos-entrevista-especial-com-ada-pontes-aguiar https://theintercept.com/2018/09/11/coca-cola-ruralistas-relatorio/https://www.facebook.com/DirectFrom/videos/1968976099883742/UzpfSTE2NTg5MzQ5NjY6MTAyMTE5OTUzOTkxOTQ1MDY/?notif_id=1544041779781054¬if_t=feedback_reaction_generic
Rachel Carlson já denunciava na década de 1960 os efeitos devastadores do DDT na agricultura, passadas décadas e a luta contínua. Precisamos lutar e denunciar sempre em memória das milhares de Rachels e Fábians, Diga não aos Agrotóxicos.