Presidente disse que Brasil terá visibilidade na COP28 por ser uma potência de energia limpa, mas planos de avançar com petróleo em áreas sensíveis vão na contramão desse cenário

Imagem aérea da Bacia da Foz do Amazonas. Região está na mira da indústria do petróleo © Enrico Marone/Greenpeace

Durante live na manhã desta terça-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil chegará a COP28, cúpula climática da ONU, como a “bola da vez” no cenário internacional. 

Vamos para a COP e o Brasil é visto como a bola da vez. Quando as pessoas pensam no Brasil, pensam em floresta, na Amazônia. Quando as pessoas veem o Brasil, pensam em hidrogênio verde, energia limpa, eólica, solar”, declarou o mandatário, que participará presencialmente da conferência que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a partir de 30 de novembro.

Lula declarou ainda que o país pode mudar a história da questão energética no planeta. “Estou falando sem modéstia: o Brasil pode ser para o mundo da energia limpa aquilo que a Arábia Saudita foi para o combustível fóssil, porque ninguém pode competir com o Brasil na produção de energia”, ressaltou.

A capacidade de produção de energia limpa do Brasil é inquestionável. Mas, ainda assim, a pressão para o avanço do petróleo em áreas sensíveis, como a Bacia da Foz do Amazonas, segue firme e forte no país – e sem encontrar oposição de Lula.

Para Marcelo Laterman, porta-voz da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, a fala do presidente omite uma contradição central do governo, que segue priorizando a expansão do petróleo no país, inclusive com novas fronteiras de exploração em regiões extremamente sensíveis do ponto de vista socioambiental, em detrimento da produção de energia limpa.

“Se os planos do governo na Margem Equatorial se concretizarem, quando as pessoas pensarem no Brasil depois desse mandato, poderão pensar no país que promoveu um avanço vertiginoso do petróleo sobre a Amazônia e seus povos, em pleno 2023, ano em que os impactos da crise climática assolaram a população brasileira”, critica Laterman.

Segundo o geógrafo, apostar em petróleo na Amazônia pode, inclusive, impactar o protagonismo que Lula pretende ter como interlocutor na geopolítica do clima e no processo de negociação com os países ricos, inclusive em termos de financiamento de ações contra a crise climática nas nações em desenvolvimento.

“É necessário que o governo assuma a responsabilidade que lhe cabe – e à qual se comprometeu – de proteger a Amazônia, e se comprometa publicamente com o não avanço da fronteira de petróleo na Amazônia”, defende o porta-voz.

Por meio do abaixo-assinado “Petróleo na Amazônia Não”, o Greenpeace Brasil tem chamado o governo federal para que declare a Amazônia como uma zona livre de petróleo. Já somos mais de 15 mil pessoas. Some-se a nós!

A definição da Amazônia como zona prioritária de exclusão de fósseis também é uma demanda da sociedade civil brasileira, representada por um posicionamento consensual de 61 organizações. Saiba mais aqui. 

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