Ação faz parte do projeto “Vestir a bandeira, defender o clima” e acontece em parceria com a Casa 1, centro de acolhida à comunidade LGBTQIAPN+ em São Paulo

Além da distribuição das jaquetas, o Greenpeace Brasil participou de um bate-papo com as pessoas LGBTQIAPN+ atendidas pela Casa 1 (Foto: Camila Svenson/Greenpeace)

Diante das baixas temperaturas registradas na cidade de São Paulo nos últimos dias, o Greenpeace Brasil e a Casa 1 realizaram a distribuição de jaquetas para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade nesta segunda-feira (12).

Essa é etapa final do projeto “Vestir a bandeira, defender o clima”, que uniu moda, sustentabilidade e justiça climática. As jaquetas entregues foram produzidas a partir de uma bandeira de 20 metros de diâmetro, usada em outubro de 2023 em uma ação da campanha de Justiça Climática do Greenpeace Brasil.

A iniciativa reforça a importância da reutilização criativa na indústria têxtil e mostra que a moda pode e deve se preocupar com o meio ambiente. Esse é o propósito da Cabrochas, marca sustentável de Recife responsável pela produção dos itens e parceira nesta iniciativa.

Tudo está conectado: a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera. Isso significa que ela também é responsável pelo agravamento das mudanças climáticas.

Mas por que o foco nas pessoas LGBTQIAPN+? Essa comunidade, assim como a população negra e periférica das cidades brasileiras, está entre os grupos mais vulnerabilizados e atingidos pela crise do clima. 

A negação de direitos em diversos setores sociais e econômicos, como a dificuldade na empregabilidade e manutenção da renda, faz com que essas pessoas sobrevivam em situação de moradias precárias ou situação de rua, as deixando ainda mais suscetíveis às fortes chuvas, enchentes e ondas de frio, como essa que atinge São Paulo no momento.

O preconceito por orientação sexual e/ou identidade de gênero, é, ainda, um dos principais fatores que levam à expulsão dessas pessoas de suas casas e famílias. 

Roda de conversa

Antes da distribuição das jaquetas, o Greenpeace Brasil participou de um bate-papo com as pessoas LGBTQIAPN+ atendidas pela Casa 1, no qual conversaram sobre a emergência climática e a cidade dos sonhos que deve motivar a mobilização coletiva.

Pamela Gopi, porta-voz da frente de Justiça Climática, ressalta a importância da entrega das jaquetas em meio a onda de frio que atinge a cidade de São Paulo. 

“A distribuição dos casacos nesse momento é uma forma também da gente, além de ajudar essas pessoas diretamente, sensibilizá-las para o tema. Foi o que fizemos hoje. Todos trouxeram visões muito interessantes e diversas de como são afetados no seu dia a dia. E mais do que isso, entendem que no meio que a gente vive, na maior metrópole do Brasil, existe uma desigualdade quando se trata de clima”, comenta.

Gopi argumenta ainda que, além de agir efetivamente para conter a crise climática, é essencial que os tomadores de decisão desenvolvam políticas climáticas inclusivas que considerem as necessidades específicas desta comunidade para promover resiliência e equidade​.

Para Ângelo Castro, diretor de Educação e Cultura da Casa1, o encerramento do projeto “Vestir a bandeira, defender o clima” é muito simbólico por trazer as pessoas para o centro da discussão. 

“São elas as que mais sofrem com as crises climática e ambiental, mas nunca são ouvidas nesse processo. Essa jaqueta carrega um significado muito forte, coloca as pessoas como parte da mudança”, afirma.

Ele destaca que a entrega das jaquetas com a possibilidade da escolha entre os modelos, endossa a individualidade de cada pessoa e da defesa da dignidade humana.

Ensaio fotográfico

Assim que as jaquetas foram produzidas, ativistas LGBTQIAPN+ do Greenpeace Brasil e da Casa 1 participaram de um ensaio fotográfico, que contou também com a participação de personalidades e influenciadores como Erika Hilton, Pepita e Vitor diCastro.

Você pode conferir mais do que rolou aqui:

Na ocasião, Maria Gabryelle Dantas, designer de moda circular e diretora criativa da Cabrochas, ressaltou a importância da moda ser pensada por meio da logística reversa.

“A moda que a gente está promovendo é uma moda do acolhimento, é uma moda da sustentabilidade, é uma moda da espação criativa circular. Não é só um projeto, uma peça de roupa e sim uma visão de mundo”, afirmou. “A gente quer criar uma cultura do ressignificar, onde [os materirias] voltem para as pessoas como uma utilidade”. 

A Cabrochas defende que não se produz mitigação climática sem senso de comunidade. Por isso, as soluções dos territórios para a crise do clima passam pela valorização dos saberes circulares e do fazer criativo, explica Dantas, sublinhando o papel das trabalhadoras da moda nesse processo.

Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!