Inspirados no legado do ativista Zé Maria do Tomé, Greenpeace e comunidades do Vale do Jaguaribe, no Ceará, lançam curta-documentário

Atualmente, o Ceará é o único estado do Brasil que conseguiu proibir o despejo de agrotóxicos por aeronaves, conhecido como pulverização aérea ou chuva de veneno

Essa conquista se chama Lei Zé Maria do Tomé e leva o nome de um agricultor familiar que combateu o uso de agrotóxicos. Em um dos países que mais mata ativistas, infelizmente, o destino dele não foi diferente.

Em 21 de abril de 2010, Zé Maria do Tomé foi assassinado com mais de 20 tiros, perto de sua casa e em plena luz do dia. O motivo foi sua luta em defesa da saúde pública e do meio ambiente.

O curta-documentário “Entre a Vida e o Veneno” (13min) foi lançado oficialmente na Semana Zé Maria do Tomé, em abril de 2024, e mostra como as comunidades do Vale do Jaguaribe (CE) dão continuidade à luta de Zé Maria.

Hoje a região é referência em agricultura familiar e agroecologia, e no combate aos malefícios do agronegócio e dos agrotóxicos. 

Parceria Greenpeace e comunidades do Vale do Jaguaribe

Em maio de 2023, no mesmo mês em que o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, unanimemente, a Lei Zé Maria do Tomé como constitucional, o Greenpeace Brasil e o Greenpeace Alemanha foram à região que deu origem à legislação histórica, na Chapada do Apodi, nos municípios de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte (CE).  

“Entre a Vida e o Veneno” é fruto da parceria entre o Greenpeace e os movimentos presentes no Vale do Jaguaribe, como Movimento 21, Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA), Acampamento Zé Maria do Tomé, Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, famílias agricultoras da Chapada do Apodi, guardiões de Áreas de Proteção Ambiental (APAs) de Tabuleiro do Norte, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental (Ceresta) e Universidade Estadual do Ceará (Uece). 

As primeiras exibições foram promovidas nos territórios camponeses, escolas e universidades durante a última Semana Zé Maria do Tomé, um evento realizado anualmente no mês de abril, desde a morte do ativista, e que está em sua 13ª edição. 


Avaliações e agradecimentos

“Neste documentário, de forma muito didática, objetiva  e material, o Greenpeace revela um conjunto de impactos socioambientais que tem afetado a vida de muitas famílias. Também tem uma função pedagógica, assisti com mais de 40 estudantes (da graduação e da pós) e foi muito elucidativo, porque revelou uma realidade desconhecida, principalmente pra quem mora na zona urbana e está distante. Certamente é um produto que vou usar nas minhas aulas na universidade para falar do agronegócio no estado do Ceará.”  Camila Dutra, professora de geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece)

“Estou aqui para agradecer a parceria do Greenpeace, por ter registrado a nossa denúncia e também por vivenciar a nossa disputa por um alimento saudável. Esse documentário nos fortalece e faz com que a gente possa disputar a consciência da população, mostrando que um outro modelo é possível, uma produção sem veneno é possível. A gente permanece firme na luta contra a pulverização, que apesar de estar proibida, as grandes empresas ainda utilizam drone e mecanismos potentes para expulsar as comunidades do seu território.” Reginaldo Ferreira, membro do Movimento 21

“Uma excelente análise das ações contra-hegemônicas de diversos camponeses e camponesas no Vale do Jaguaribe. Coloca os sujeitos em cena e na disputa pelo bem viver na região. Também expõe o acirramento dos conflitos vivenciados no território da Chapada do Apodi, mesmo antes da morte de Zé Maria do Tomé, e refletindo, inclusive, sobre o momento atual, com o crescente avanço do agronegócio. Podemos perceber os diversos acirramentos dos conflitos, mas também o crescimento da organização popular.” Diana Nara, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Campos Fafidã

“A sensibilidade do documentário reuniu agricultores e agricultoras, camponeses e camponesas da ‘Comunidade que Sustenta a Agricultura’ e do ‘Acampamento Zé Maria do Tomé’. Apresenta também a violência sofrida pela família do nosso mártir ambientalista e demonstra sua amorosidade na luta contra o Agronegócio e em Defesa da Vida e sua biodiversidade. É um grito midiático por justiça social com Terra, Água, Trabalho Livre de Veneno e Dignidade. Fortalece a internacionalização da nossa luta. Gratidão!”  Jesus Moreira e Regina Fraga, militantes da Fundação Femaje, Educação do Campo e Associação Escola Família Agrícola Jaguaribana Zé Maria do Tomé, coagricultores da CSA

“O vídeo retrata, de forma sensível e crítica, os desafios das comunidades camponesas em decorrência da territorialização. É necessária tal visibilidade por se tratar de um território de desafios e violações de direitos, mas também de resistência dessas comunidades e de instituições como a Cáritas Diocesana, através dos projetos de Tecnologias Sociais para a Convivência com o Semiárido e da ‘Comunidades que Sustentam a Agricultura’, da qual faço parte como coagricultor. Também é território de movimentos sociais, como o Movimento 21 e o MST; o primeiro, responsável pela defesa e aprovação de uma lei estadual que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, a Lei Zé Maria do Tomé, que já vem influenciando outros estados a fazerem projetos de lei de igual teor; quanto ao MST, em nosso território é representado pelo Acampamento Zé Maria do Tomé. Todas essas experiências vêm marcando a transição agroecológica no Vale do Jaguaribe e a resistência camponesa, tratada de forma tão sensível no vídeo. Parabéns pelo brilhante trabalho, que merece ampla divulgação –  já está incluído nas minhas disciplinas e socializado com a comunidade acadêmica do IFCE.” João Paulo Guerreiro, professor do Instituto Federal do Ceará e integrante do Movimento 21

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