Iniciamos hoje uma expedição para avaliar os impactos do óleo que podem ter se acumulado no fundo do mar e atingido áreas sensíveis, como os recifes de corais

Equipe da expedição reunida em cima do veleiro Iakaré
Equipe da expedição no veleiro Iakaré, um catamarã de 44 pés com motor e velas, que irá ajudar os pesquisadores a identificar o óleo no fundo do mar – Foto: Max Cavalcanti / Greenpeace

Com pouco mais de dois meses que o óleo começou a chegar nas praias do Nordeste, já foram recolhidos em torno de 4,5 mil toneladas, mas pouco se sabe quanto mais ainda está por vir e, principalmente, quanto desse petróleo cru está acumulado no fundo do mar e não foi retirado pelos voluntários. Para ter uma melhor avaliação desse impacto no mar, decidimos organizar uma expedição técnico-científica que irá mapear algumas áreas do fundo do mar. Para isso, convidamos pesquisadores do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Projeto Conservação Recifal para coletar amostras de sedimentos e água entre os Estados de Pernambuco e Alagoas. 

Partimos nesta sexta-feira (8) de Recife (PE) em um veleiro catamarã de 44 pés, e vamos navegar em regiões que ficam dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, a maior unidade de conservação federal costeiro-marinha do Brasil. As coletas serão realizadas tanto em áreas rasas, com mergulhos de superfície feitos com snorkel, como também em locais com profundidade de até 40 metros, com a ajuda de um robô, um ROV – veículo operado remotamente.

“A ideia da expedição é, para além de identificar locais diretamente afetados pelo óleo na Costa dos Corais, analisar os impactos nos organismos e ambientes marinhos expostos ao derramamento. Esse é um esforço coletivo de uma ampla rede que envolve universidades, ONGs e comunidades impactadas, à qual o Greenpeace se soma para expandir e compartilhar conhecimento e, assim, contribuir com a sociedade para lidar com o maior desastre ambiental em extensão da nossa história”, diz Marcelo Laterman, geógrafo da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Alguns dos lugares por onde vamos passar já foram visitados pelos pesquisadores há pouco mais de uma semana. Mas desta vez, os mergulhos de coleta serão feitos em áreas mais profundas para atestar se elas também foram afetadas. Segundo Mirella Costa, pesquisadora e professora da UFPE, “a estratégia de coleta consiste em identificar os locais indicados pelas comunidades como os mais impactados e fazer um mapeamento nas regiões mais profundas do entorno”.

O time de ativistas e pesquisadores embarcado repassa as instruções com o capitão do barco
O time de ativistas e pesquisadores repassa as instruções com o capitão do barco. Foto: Max Cavalcanti / Greenpeace

Nessa primeira etapa, de 8 a 11 de novembro, vamos passar por Maragogi (AL), Japaratinga (AL) e São José da Coroa Grande (PE). A segunda saída, que ocorrerá entre os dias 14 e 18, a expedição segue para o norte, em direção a Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.

“Os recifes dos corais são ambientes muito frágeis e a gente teme que esse óleo possa também ter atingido regiões mais profundas. Com coleta de água e sedimentos, queremos entender esses impactos a curto, médio e longo prazo”, explica Pedro Henrique Pereira, pesquisador da APA Costa dos Corais e coordenador do Projeto Conservação Recifal. Mas ele lembra que, além de afetar os ecossistemas, esse é também um problema social. “Os pescadores já estão há muito tempo relatando que eles não estão conseguindo pescar e nem vender o seu pescado. Portanto, é importante que a gente esteja atento para toda essa problemática que esse desastre ambiental causou”, afirma.

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