Greenpeace lança guia que explica como a crise climática se relaciona com pautas prioritárias como educação, emprego, saúde e alimentação

Ruas alagadas no Bairro Ipanema, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em maio de 2024. © Tuane Fernandes / Greenpeace

As eleições municipais de 2024 ocorrem em meio a extremos que vão além do cenário climático, mas podem influenciá-lo. Por todo lado, testemunhamos negacionistas climáticos vociferando inverdades, influenciadores querendo administrar cidades sem terem ao menos um histórico de gestão pública, e mais, espalhando notícias falsas em cortes de falas para as redes sociais vazias de soluções efetivas e sem conexão com a realidade de quem mais precisa. Um campo acirrado de narrativas que ameaçam o foco no que realmente interessa, identificar quem propõe ações com caminhos reais e possíveis para a cidade que precisamos e queremos.

Tudo isso acontece em um momento de extremos de calor, estiagem, queimadas, chuvas escuras de fumaça, e quando precisamos estar alertas para escolher representantes que se comprometam com políticas públicas eficientes para o enfrentamento da crise climática e seus impactos. Da educação ao emprego, da alimentação à moradia, da segurança pública à saúde, todas as pautas que são prioritárias à população brasileira sofrem influência dos extremos do clima.

É com o objetivo de explicar essas conexões que o Greenpeace Brasil lança a campanhaConfirma pelo Clima, com um guia em PDF com informações sobre como a crise climática impacta todas essas dimensões da experiência cotidiana, e o que precisa ser feito. 

É importante sempre reforçar a responsabilidade que prefeitos e vereadores exercem na gestão do município, principalmente na proteção do meio ambiente e da vida da população diante dos inúmeros eventos climáticos extremos que vêm acontecendo no país nos últimos anos”, afirma Rodrigo Jesus, porta-voz de Justiça Climática no Greenpeace Brasil. 

Hoje, as cidades, o campo ou a floresta não estão preparados para enfrentar os desafios que as mudanças climáticas impõem. É urgente termos políticas públicas que combatam as desigualdades históricas do nosso país considerando que os impactos das mudanças climáticas aumentam os abismos sociais e raciais, e submetem as pessoas em situação de vulnerabilidade, majoritariamente negras, moradoras de periferias e do campo, às consequências mais graves. Em caso de fortes chuvas, são elas as primeiras a perderem suas casas e a ficarem desalojadas ou desabrigadas; em caso de seca e estiagem, são elas também a terem sua mobilidade, saúde e segurança alimentar colocadas em risco. Consequências essas que também sobrecarregam o sistema de saúde e causam perdas econômicas que afetam empregos e o sustento das famílias. 

Ignorar a pauta climática na hora de pensar e implementar políticas públicas é comprometer questões que são essenciais à população brasileira. Precisamos de um planejamento que considere a resiliência urbana, enfrente os impactos desiguais da crise do clima, promova a garantia de moradia segura para todas as pessoas, assim como todos os direitos básicos e fundamentais necessários para uma vida digna. 

“A campanha Confirma Pelo Clima é uma forma de alertar a população para a necessidade da escolha de candidatos que estejam comprometidos com a pauta climática e também elucidar a importância do poder do voto para o exercício da cidadania e da democracia. O debate público e a proposta dos candidatos precisam estar alinhados com as necessidades e demandas dos territórios e das pessoas. Precisamos cobrar por políticas públicas municipais que de fato transformem a realidade nas cidades. Hoje as pessoas respiram fumaça, perdem suas fontes de água e rios que para muitos são estradas e se transformam em solos rachados em consequência da falta de ações que se antecipem a este cenário”, completa. 

Prefeitos e vereadores têm a responsabilidade de colocar as pessoas no centro das discussões, considerar as características e modos de vida de cada território e, com participação popular, elaborar e implementar políticas públicas para mitigar os efeitos da crise do clima, enfrentar as desigualdades e promover a adaptação necessária para proteger a vida e o bem-estar da população.

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