Está nas mãos do Congresso aprovar uma lei que inclui o tema no currículo escolar

© Caio Paganotti / Greenpeace

Meu nome é Mateus Fernandes, sou ativista climático e empreendedor social, e fui convidado pelo Greenpeace a produzir este texto sobre porque precisamos que as crianças e os jovens se tornem agentes da mudança!

A relação entre clima, meio ambiente e riscos de desastres é intrínseca e expressiva, especialmente para povos em situação de vulnerabilidade. Com a influência humana na alteração do clima global, as mudanças climáticas impactam diversos aspectos do sistema climático, afetando milhares de vidas de maneiras diversas.

Crianças e adolescentes, por estarem em uma fase mais sensível de desenvolvimento, são os que mais sofrem esses impactos. Esses riscos ameaçam nossas futuras gerações, tornando urgente a necessidade de discutir a educação climática nas escolas para mitigar erros do passado e dar ferramentas para enfrentar o futuro.

A frequência e a intensidade de eventos extremos, como chuvas e secas, que têm como consequências alagamentos e queimadas, são algumas das diversas faces de um cenário prejudicial à vida como um todo. Cenários que têm colocado em risco o direito ao desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes, bem como outras formas de vida ao redor do mundo. Os impactos também precisam ser vistos a longo prazo, pois a degradação ambiental compromete serviços básicos, políticas e instituições que atendem às necessidades dessas faixas etárias e de suas famílias.

 ©Léu Britto

Impactos das Mudanças Climáticas: Um olhar sobre Crianças e Adolescentes

O Índice de Risco Climático das Crianças (CCRI – Children’s Climate Risk Index) representa a primeira análise detalhada dos riscos climáticos sob a ótica das crianças. Em termos de exposição de crianças e adolescentes a eventos climáticos e ambientais adversos, o Brasil é classificado como um país de alto risco – na América Latina e no Caribe, somente o México possui um índice mais elevado nesse aspecto. Aproximadamente 40 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão expostos a múltiplos riscos climáticos, o que corresponde a quase 60% dessa população. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 8,6 milhões de crianças no Brasil enfrentam o risco de escassez de água, enquanto mais de 7,3 milhões estão vulneráveis aos perigos das enchentes de rios.

Um exemplo notável é o de Rafael Ruiz Magno Mariano, de 9 anos, que vive em Pirituba, São Paulo. Apesar de sua pouca idade, Rafael já compreende os riscos associados às fortes chuvas, especialmente na região onde mora. Ele relata: “Aqui perto de casa, tem uma avenida, umas ruas para baixo, que alagam. Aqui é morro e a água desce. Fico com dó das pessoas que perdem as casas porque a avenida alaga”.

 ©Léu Britto

O papel da educação na ação climática

A educação sobre proteção ambiental e crise climática desempenha um papel crucial na capacitação de estudantes para o pensamento crítico, preparando-os para agir em situações de eventos extremos e permitindo que se posicionem de maneira consciente sobre questões ambientais. Além disso, essa educação forma as futuras lideranças responsáveis por garantir nossos direitos e promover a sustentabilidade. Ao acessar dados científicos e aprender sobre formas eficazes de ação e implementação de soluções, é possível mudar gradualmente o cenário a longo prazo.

No Brasil, a inclusão da educação climática nas escolas é uma necessidade urgente. Com 60% da floresta amazônica em seu território, o Brasil tem uma responsabilidade crucial na preservação de ecossistemas essenciais para o clima e a biodiversidade do planeta. O país também está entre os maiores emissores brutos de CO2, o que destaca ainda mais a necessidade de ações educativas para mitigar esses impactos.

O Dia Nacional da Educação Ambiental e a Importância do PL 2964/2023

O dia 03 de junho marca o Dia Nacional da Educação Ambiental, uma data fundamental para refletirmos sobre a importância da conscientização social nas questões ambientais. Para transformar a realidade, é indispensável o apoio da sociedade na pressão pela aprovação do PL 2964/2023 no Congresso Nacional. Este projeto visa alterar a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir a educação climática como base da educação escolar, ressaltando sua urgência.

Investir em educação climática é investir em um futuro sustentável, onde crianças como Rafael Ruiz Magno Mariano possam viver em um mundo mais seguro e justo. Promover essa educação é preparar nossas crianças e adolescentes para serem líderes conscientes na preservação do planeta.

Fonte base dos dados do texto: Índice de Risco Climático das Crianças (CCRI – Children’s Climate Risk Index)

sobre o autor

Mateus Fernandes

Cria de Guarulhos, atua como ativista climático e empreendedor social. Fundador da Corre, é Top Voice LinkedIn, destacando-se nas 100 vozes sociais mais influentes. Reconhecido pela BDO Brazil pelo seu quadro “Favela&Clima em um Minuto”.

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