A contaminação do óleo está chegando nos recifes de corais, afetando uma importante área de biodiversidade marinha que há anos nós defendemos da indústria do petróleo

O óleo que chega há mais de dois meses no litoral nordestino já deixou muitas sequelas ao meio ambiente e às pessoas. Vimos animais mortos ou em risco de morte por estarem cobertos por essas manchas escuras. Vimos pessoas com sintomas de intoxicação. Mas, debaixo d’água, existem seres vivos que também estão sofrendo com a toxicidade do petróleo, só não podemos vê-los com tanta facilidade: os corais.
Segundo o biólogo André Maia, que tem um canal no Youtube chamado Trilogiabio, o óleo está chegando nessas áreas principalmente pelo efeito de decomposição. À medida que o óleo se decompõe, aumenta sua densidade e ele começa a sedimentar dentro do oceano, atingindo seres fixos como esponjas-do-mar e corais.
Conversamos com André depois do protesto que aconteceu na frente da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, em Recife, no dia 26 de outubro. A população esteve reunida pedindo que o governo tomasse medidas urgentes para conter o óleo e ajudasse a população que depende do mar e já sofre as consequências.
Para o biólogo, muita gente pensa apenas nos animais como peixes, tubarões, baleias. Mas é preciso pensar nos animais fixos e na microfauna também, para quem a contaminação “é pior ainda”. “Os corais e esponjas-do-mar também são vida”, destacou.
Entre os impactos do óleo para esses animais, está tanto a contaminação pela sedimentação quanto a contaminação quando eles são ainda larvas e nadam na superfície do mar. Eles são afetados no curto prazo, com problemas para respirar e se alimentar. Ou no longo prazo, porque podem ter a reprodução comprometida.
Nos arrecifes também vivem as esponjas-do-mar. Elas são animais filtradores e, por isso, bioindicadores da qualidade da água. Elas não sobrevivem se houver contaminação. “A partir do momento que acontece esse tipo de impacto, essas espécies começam a sofrer bastante. Os cnidários, que são os animais que formam recifes de corais, vão sendo entupidos pelo óleo em sua fase de pólipo, que é sua fase fixa.”
Ele explicou que os seres rastejantes, como ouriços, estrelas-do-mar, bolachas-do-mar, pepinos-do-mar, também sofrem com a contaminação porque são rastejantes e se alimentam justamente em cima dessas espécies fixas.
Por que os recifes de corais são importantes?
Os recifes são ecossistemas importantes devido à grande biodiversidade, tanto de animais quanto de algas que dependem deles. Muitos organismos vivem próximos ou nos próprios recifes, utilizando-os como áreas de reprodução, alimentação e refúgio. Eles são considerados tão importantes para a vida marinha como as florestas tropicais são para o ambiente terrestre mundial. Além disso, uma em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes.

Arrecifes na praia de Suape (PE). O óleo passou por cima deles e ficou impregnado em muitas áreas. Foto: © Mariana Oliveira / Greenpeace
Nos recifes brasileiros existem várias espécies endêmicas de corais, além de outros invertebrados e peixes – ou seja, animais que existem somente na nossa costa. Os recifes também são muito importantes porque absorvem o gás carbônico (CO2) presente no oceano e o fixam como parte de sua estrutura física. Isso impede que mais CO2 seja jogado na atmosfera e aumente o aquecimento global.
Defendendo os corais há anos
Nós, do Greenpeace, falamos sobre o perigo do petróleo chegar em áreas de recifes de corais há quase três anos. Desde 2017, temos a campanha Defenda Os Corais da Amazônia para impedir que empresas petroleiras explorem a região próxima a um ecossistema único no mundo, os Corais da Amazônia. Eles ficam no oceano Atlântico, onde o mar se encontra com o Rio Amazonas e está a grandes profundidades e com pouca luminosidade, um lugar onde cientistas não imaginavam que pudessem existir esses seres.
Em 2018, conseguimos impedir que a empresa francesa Total perfurasse e buscasse petróleo perto dos Corais. A vitória foi desse ecossistema e dos mais de 2 milhões de pessoas ao redor do mundo que apoiaram a campanha.
Sem a ajuda de pessoas como você, nosso trabalho não seria possível. O Greenpeace Brasil é uma organização independente - não aceitamos recursos de empresas, governos ou partidos políticos. Por favor, faça uma doação hoje mesmo e nos ajude a ampliar nosso trabalho de pesquisa, monitoramento e denúncia de crimes ambientais. Clique abaixo e faça a diferença!
Discussão
O trabalho de vocês tem que ser muito divulgado para ser visto por mais pessoas
É de chorar ver esse crime acontecer e a ausência do governo em atitude de combate. Se há, não é coesa e e não há divulgação.
Estamos destruindo. O planeta
Tem um vídeo de Bolsonaro com ele falando com toda tranquilidade que podemos comer os peixes que quisermos porque eles nadando evitam entrar em contato com o petróleo. Que falta de noção! Que palhaçada!
Lamentável o que está acontecendo, mas se reunir todos podemos ajudar .
Considero uma gigantesca e insólita irresponsabilidade humana, essa verdadeira insanidade de grupos de indivíduos, que não têm compromisso com a consciência social, com o futuro do planeta e provocam essa tragédia de dimensões nunca vista, representada pelo derramamento gigantesco de "óleo" espalhado por milhares que quilômetros nas costas marítimas brasileiras. Há poucos dias foi a tragédia inédita de Mariana-MG. Pouco depois, a de Brumadinho. E, agora, essa barbárie. Infelizmente, parece que o governo brasileiro tem outras preferências ou tendências pouco republicanas que não incluem o necessário devotamento à preservação do meio ambiente. Algo da maior importância porque diz respeito à preservação do ecossistema e, assim, da própria vida humana. Muito triste, porque o homem está destruindo a Natureza, acelerando as condições para o aquecimento global e suas temíveis consequências. Felizmente, há um trabalho fabuloso de ação e conscientização das ONGs como o Greanpeace e outras. Os terríveis efeitos danosos da destruição do equilíbrio global, serão devastadores para nossos filhos e nossos netos, se não houver uma conscientização mundial em torno deste magno e urgente tema. Ninguém sabe se o dano natural futuro, causado por uma terrível alteração do ecossistema, dentro de poucas décadas, tornará a terra insolitamente inabitável. Há um ditado que faz uma referência popular em caso de tragédias irreparáveis: "alguém pode estar "cavando a própria sepultura"... E, nesse caso, (dizem os estudiosos do assunto), desenham-se perspectivas de dimensões catastróficas e, talvez irreversível, a continuar nesse ritmo contínuo e galopante de destruição do planeta - como o atestam todas as pesquisas - não há nenhum plano "B" de salvação. O homem, irresponsavelmente, está se auto-destruindo, (mas, se superestimando, movido pela perversão da ganância, da inconsciência e da irresponsabilidade. A ganância insana é que o move. Que a sensatez humana e os líderes das nações percebam urgentemente que a Terra já está sofrendo com tanta destruição, pelo ímpeto da voracidade econômica. E a Terra já começa a dar os primeiros "gemidos" (como enchentes, alagamentos, tufões, tempestades, desertificação, da predação e destruição pelo homem. Esquecem-se os que se acham donos do mundo, de que essa ganância quase coletiva representa um caminho temerário para a sobrevivência da humanidade. Talvez, estejamos "cavando", catastroficamente, a sepultura da humanidade... O tempo do autoritarismo medieval já se passou Mas, o homem ainda não aprendeu a respeitar e conviver em harmonia consigo próprio, com o seu semelhante e com os mais belos anseios da vida humana...
Considero uma gigantesca e insólita irresponsabilidade humana, essa verdadeira insanidade de grupos de indivíduos, que não têm compromisso com a consciência social, com o futuro do planeta e podem provocar essa tragédia de dimensões nunca vista, representada pelo derramamento gigantesco de "óleo" espalhado por milhares que quilômetros nas costas marítimas brasileiras. Há pouco tempo foi a tragédia inédita de Mariana-MG. Pouco depois, a de Brumadinho, de proporções gigantescas, como gigantesca é a ganância do homem. E, agora, essa barbárie. Algo da maior importância necessita ser feito. porque diz respeito à preservação do ecossistema e, assim, da própria vida humana. Ninguém sabe se o dano futuro, causado por uma terrível alteração do ecossistema, tornará a terra insolitamente inabitável. Há um ditado que faz uma referência popular em caso de tragédias irreparáveis: "alguém pode estar "cavando a própria sepultura"... E, nesse caso, (dizem os estudiosos do assunto), desenham-se perspectivas de dimensões catastróficas e, talvez irreversível, a continuar nesse ritmo contínuo e galopante de destruição do planeta - como o atestam todas as pesquisas - não há nenhum plano "B" de salvação. O homem, irresponsavelmente, está se auto-destruindo, (mas, se superestimando, movido pela perversão da ganância, da inconsciência e da irresponsabilidade. A ganância insana é que o move. Que a sensatez humana e os líderes das nações percebam urgentemente que a Terra já está sofrendo com tanta destruição, pelo ímpeto da voracidade econômica. E a Terra já começa a dar os primeiros "gemidos" (como enchentes, alagamentos, tufões, tempestades, desertificação, da predação e destruição pelo homem. Talvez, estejamos "cavando", catastroficamente, a sepultura da humanidade... O tempo do autoritarismo medieval já se passou Mas, o homem ainda não aprendeu a respeitar e conviver em harmonia consigo próprio, com o respeito ao seu semelhante e com os mais belos anseios da vida humana...