Atividade no Morro dos Macacos, na cidade de São Paulo, projeta os sonhos dos moradores para uma cidade mais justa

Atividade realizada no Morro dos Macacos, zona sul da cidade de São Paulo (SP), para o Dia Mundial da Habitação, que acontece na primeira segunda-feira de outubro. A data inaugura o Outubro Urbano, uma iniciativa da ONU-Habitat, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, que convida o mundo todo a experimentar como as cidades poderiam ser mais sustentáveis, inclusivas e seguras, e o papel fundamental da ação coletiva para alcançá-las. O Greenpeace Brasil e a população local fizeram uma roda de conversa sobre os maiores desafios enfrentados no acesso à cidade e, na sequência, os moradores responderam à pergunta: Como é a sua cidade dos sonhos? As respostas foram projetadas na própria comunidade para apoiar a luta por moradia. ©Diego Baravelli / Greenpeace Brasil

“Uma cidade mais justa para todos, onde nossos direitos não sejam lindos só na Constituição, e sim na realidade”. Este foi o pedido de Ana Moura, líder comunitária e moradora do Morro dos Macacos, zona sul da cidade de São Paulo, ao responder à pergunta “Como é a cidade dos seus sonhos?”.

A frase foi projetada junto com as de outros moradores em um muro de contenção de onde foram removidas cerca de 600 famílias, em 2011, que até hoje lutam por moradia. A atividade foi parte de uma ação elaborada por representantes da comunidade, em parceria com o Greenpeace Brasil, para ecoar o que as pessoas querem para suas vidas, para que se sintam respeitadas por seus direitos.

Essa ação também marca o Dia Mundial da Habitação, neste 2 de outubro, uma data que convida à discussão sobre o direito à moradia e ao acesso igualitário à cidade, e inaugura o Outubro Urbano.

O Outubro Urbano é uma iniciativa da ONU-Habitat, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos. O objetivo é convidar pessoas do mundo todo a refletir e discutir, ao longo do mês, sobre como as cidades poderiam ser mais sustentáveis, inclusivas e seguras, além de pensar o papel fundamental da ação coletiva para alcançá-las. O encerramento acontece no dia 31, marcado pelo Dia Mundial das Cidades.

Durante todo este mês, o Greenpeace realizará uma série de ações, no Brasil e no mundo, para ampliar e fortalecer  diversas lutas e demandas de movimentos urbanos, mostrando que pautas como moradia, transporte, gestão de resíduos e poluição são diretamente conectadas às crises climática e de biodiversidade.

Moradia digna: direito universal

Em 1948, o direito à moradia digna e adequada foi reconhecido como um direito humano fundamental à vida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. E apesar da implementação ainda ser um desafio, principalmente em países como o Brasil, extremamente desigual, vale ressaltar que as cidades pertencem às pessoas, porque são construídas, moldadas e transformadas por elas

Como é a cidade que as pessoas sonham?

Foi pensando em ecoar as vozes sobre o que sentem, pensam e desejam as populações urbanas que ainda sofrem com a falta de acesso a direitos básicos e fundamentais, que o Greenpeace Brasil começou o mês junto à comunidade do Morro dos Macacos. A população local luta há 11 anos pelo direito constitucional de moradia digna. 

O encontro começou à tarde, com uma roda de conversa sobre os maiores desafios enfrentados pela população e, na sequência, foi feito um convite à imaginação e ao esperançar para pensar sobre como é a cidade que queremos. 

“Nós colocamos as ferramentas do Greenpeace Brasil à disposição da comunidade para projetar os sonhos de quem há anos resiste às desigualdades raciais e sociais, e luta por moradia digna e acesso a direitos fundamentais para a manutenção da vida”, explica Igor Travassos, coordenador da frente de Justiça Climática.

Os moradores pedem apoio do poder público para que possam ter um lugar melhor para todas as pessoas. “O nosso objetivo é que o poder público entenda a importância de envolver a população na construção de políticas públicas efetivas. São essas as pessoas que têm as soluções para permanecer no território de forma justa e que considerem os valores da coletividade, parte importante do seu modo de viver”, complementa Travassos. 

Participaram da atividade moradores de várias idades que expressaram seus sonhos por meio de frases e desenhos. A imaginação segue sendo uma ferramenta de resistência em uma realidade de tantas desigualdades.

“Que nossas famílias possam morar (em uma cidade) com dignidade e lazer para nossos filhos”, foi a frase escolhida por Maria Telma, moradora há cinco anos. Ela sonha ainda com uma rua segura para que as crianças possam correr e se divertir, uma escola perto de casa e acesso a um ambiente saudável, pois a má qualidade do córrego que corre entre as casas da comunidade compromete gravemente a saúde de todos.

A pequena Águida Radyja da Silva, de 12 anos, acompanhou a roda de conversa e, após ouvir os adultos, que apesar de expressarem tantos sonhos e desejos carregam marcas face a tantos desafios, deixou seu recado: “Não desistam dos seus sonhos”. 

Veja como é a cidade dos sonhos dos moradores do Morro dos Macacos (SP) em algumas das frases projetadas: 

Como sonho final, deixamos o nosso: queremos cidades onde todas as pessoas não sejam apenas ouvidas, mas ativamente incluídas, trazendo sua experiência de vida, seus sonhos, suas estratégias de solução e transformação do território para transformar os centros urbanos em lugares justos, verdes e resilientes para todos. As cidades não podem expulsar vidas, mas sim trazê-las para o centro.

Vídeo de atividade no Morro dos Macacos, Zona Sul da cidade de São Paulo, em 30 de setembro de 2023

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