Brasília está florida, chegaram as decididas! A 7ª Marcha das Margaridas reuniu mais de 100 mil participantes, se consolidando como a maior mobilização de mulheres do país

A Marcha das Margaridas é a maior mobilização ativista de mulheres do Brasil e de toda a América Latina. Seu propósito é promover a valorização das mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades: reivindicando direitos, combatendo desigualdades e fortalecendo a democracia e a justiça.

Nesta 7ª edição, o lema é “Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”. Mais de 100 mil mulheres marcaram presença em Brasília, entre os dias 15 e 16 de agosto, inclusive as voluntárias do Greenpeace. A cada quatro anos, ocorre a Marcha das Margaridas. Seu início foi nos anos 2000, inspirada na luta de uma mulher que até hoje segue guiando multidões. 

Tudo começou com a paraibana Margarida Maria Alves, uma ativista, sindicalista e camponesa assassinada há 40 anos por lutar pelos direitos de trabalhadores rurais a uma vida digna e justa. 

Antes de ser morta, em 12 de agosto de 1983, na porta de sua casa, Margarida já vinha recebendo várias ameaças de ruralistas e políticos, mas se manteve firme, em plena Ditadura Militar, dizendo que “preferiria morrer lutando a morrer de fome”.     

A luta de Margarida Alves, ativista e camponesa assassinada há 40 anos, deu origem a Marcha das Margaridas @ Arquivo Contag

Reconstrução do Brasil e pelo bem viver

Hoje, as Margaridas são muitas em uma: mulheres da classe trabalhadora, rurais, jovens, negras, lésbicas, trans, agricultoras familiares, camponesas, indígenas, quilombolas, assentadas, acampadas, sem-terra, extrativistas, quebradeiras de coco, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras, coletoras, caiçaras, sertanejas, vazanteiras, caatingueiras, raizeiras, benzedeiras, geraizeiras; entre tantas outras representadas pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e por um conjunto de 16 organizações parceiras que compõem a Marcha das Margaridas. 

“É bonito ver as Margaridas voltando a ocupar as ruas de Brasília, mostrando que a luta das mulheres do campo, das florestas, das águas e da cidade segue mais forte do que nunca, destaca Mariana Campos, porta-voz de Agricultura do Greenpeace Brasil, que também participou da marcha.

Desde o fim de semana, centenas de ônibus chegaram na capital brasileira, trazendo mulheres de todas as regiões e biomas do país. Milhares delas ficaram acampadas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade e, na quarta-feira (16), acordaram de madrugada para marchar rumo à praça dos Três Poderes sob o sol do Cerrado.

A Marcha das Margaridas ocorreu pela primeira vez em 2000 e, desde então, reúne mulheres de todo o Brasil de quatro em quatro anos. Foto: Otávio Almeida

Agricultura agroecológica 

A soberania popular e alimentar são demandas essenciais da Marcha das Margaridas, e foram destaque no documento com 13 eixos políticos que foi entregue ao governo federal. O próprio presidente participou da mobilização e se comprometeu com as pautas das Margaridas. 

“Podem matar uma, duas margaridas, mas nunca vão conseguir impedir a chegada da primavera”, ressaltou Lula. Também estiveram presentes a primeira-dama Janja da Silva, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves

Na Marcha das Margaridas, Lula anunciou mais estímulos à agroecologia para promover a produção de alimentos saudáveis e sem veneno, fomentando o bem viver de todos nós.

Além de estabelecer relações justas de trabalho e com o meio ambiente, a agricultura familiar agroecológica permite que as mulheres conquistem mais autonomia e mais acesso à renda, saúde e dignidade, enquanto alimentam a população brasileira. Em 2014, a agricultura familiar ajudou a tirar o Brasil do Mapa da Fome.  

Mariana Campos explica que as políticas públicas são fundamentais para que as demandas das Margaridas sejam atendidas. “É hora de concretizar a retomada das políticas públicas, para garantir, de fato, melhorias para essas populações, fortalecendo a agricultura familiar agroecológica e assegurando comida saudável e de verdade no prato de todas as famílias.”

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Manifesto pela Agroecologia

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