“O voto é a forma como podemos mudar essa realidade tão injusta”, defende voluntária do Greenpeace em Manaus

Ativistas do Greenpeace levaram uma réplica de urna eletrônica de 5 metros de comprimento para o Lago do Aleixo, em Manaus, Amazonas, completamente seco devido à estiagem. A mensagem “seu voto pode mudar isso” destaca a urgência de escolher candidaturas comprometidas com propostas de adaptação das cidades e apoio às comunidades afetadas pela estiagem, garantindo acesso a água, alimentação, saúde e educação. © Nilmar Lage / Greenpeace

A seca histórica que atinge o Amazonas já impacta a vida de 747.642 pessoas em todo o estado, segundo o boletim sobre a estiagem divulgado pela Defesa Civil na segunda-feira, dia 30 de setembro de 2024. O Rio Negro, em Manaus, está bem perto de atingir seu menor nível em 120 anos. 

Na prática, isso significa que centenas de milhares de pessoas enfrentam mais dificuldades para ir de um bairro a outro, chegar à cidade vizinha, e crianças são impedidas de irem à escola, tudo isso porque os rios são as principais vias de locomoção em muitas localidades no estado, assim como em toda a região Norte.

Além disso, o preço dos alimentos aumenta devido ao impacto no transporte e na produção. Os pescadores enfrentam mais dificuldades para chegar aos pontos de pesca, o que provoca a escassez dessa importante fonte de alimento, o peixe. O acesso à água potável também se torna mais limitado, especialmente em áreas distantes dos centros urbanos, entre outras consequências.

Essa soma de vulnerabilidades deveria estar no foco das propostas dos candidatos e candidatas à prefeitura. No entanto, apesar dos inúmeros impactos que a crise climática vem causando em todo o Brasil, com estiagem, fortes chuvas e temperaturas extremas, os candidatos à prefeitura em cinco capitais – Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus – não colocam as questões relacionadas ao clima como prioridade em suas propostas de governo. É o que mostra uma análise do Greenpeace Brasil, feita em correalização com o Instituto Clima de Eleição, a partir de documentos enviados pelas candidaturas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Dos 20 planos de governo analisados, apenas três, de fato, encaram a questão climática de forma prioritária. Não por acaso, os três projetos são de cidades atingidas por eventos climáticos extremos este ano: Porto Alegre, Recife e, mais recentemente, Manaus.

Com os eventos climáticos extremos, como a seca no Norte do Brasil, é urgente eleger governantes que priorizem a pauta. A experiência de atravessar a pé uma área que deveria estar coberta pelo rio é assustadora”, aponta Beatriz Campelo, voluntária do Greenpeace Brasil em Manaus.

Foi com o objetivo de chamar a atenção para o problema que o Greenpeace, junto com o grupo de voluntários de Manaus, foi ao leito do Lago do Aleixo, na Colônia Antônio Aleixo, em Manaus, próximo ao encontro das águas, para chamar a atenção da população e dos candidatos. Colocamos uma urna gigante para lembrar a todo o país que domingo é dia de votar e de considerar a pauta climática na hora de escolher quem ocupa os espaços de poder e de tomada de decisão nos municípios.

© Nilmar Lage / Greenpeace

“Levamos a mensagem que o meu voto e o seu podem mudar essa realidade, porém, esse é um direito que nem todos os amazonenses poderão exercer nessas eleições”, destaca Beatriz Campelo, que participou da atividade, ao referir-se ao fato de que 120 mil pessoas devem passar por dificuldades no dia das eleições municipais por não conseguirem chegar até o local de voto.

“Cabe a nós escolhermos candidatos comprometidos com a agenda climática, preparados para enfrentar os desafios ambientais que impactam diretamente nossas vidas. O voto nas eleições municipais é a forma como podemos mudar essa realidade tão injusta. Precisamos lembrar que os candidatos devem priorizar a implementação de políticas públicas focadas na mitigação dos efeitos da crise climática em nossos territórios, para assim construirmos cidades mais justas e seguras para todas as formas de vida! A seca na Amazônia não é um problema isolado e afeta a todos nós”, complementa.

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