Área no oceano Ártico do tamanho do Reino Unido corre o risco de se tornar o primeiro local de extração mineral em águas profundas em escala comercial.

Ativistas e organizações ambientais reúnem-se em frente ao Parlamento norueguês no dia da votação do projeto de mineração em águas profundas no Ártico. Contra as críticas massivas de cientistas, organizações pesqueiras e da comunidade internacional, a Noruega está oficialmente a avançar com a planeada abertura das águas do Árctico a uma indústria mineira muito controversa. © Will Rose / Greenpeace

Em 9 de janeiro, o governo da Noruega votou a favor de um projeto de mineração em águas profundas no Ártico, proposto no parlamento em junho do ano passado. A área em questão está situada entre Svalbard, Groenlândia, Islândia e Jan Mayen, e é equivalente ao tamanho do Reino Unido. 

“Essa aprovação é um desastre, uma vergonha para a Noruega. O governo norueguês não apenas ignora a preocupação de centenas de cientistas, como também desrespeita suas obrigações internacionais e sua legislação ambiental nacional. Ao abrir a possibilidade de mineração em alto mar, a Noruega perde toda a credibilidade de nação oceânica que havia conquistado ao assinar o Tratado de Oceanos da ONU”, afirmou o diretor do Greenpeace Noruega, Frode Pleym. 

O projeto de exploração no Ártico tem sido impulsionado pela ala conservadora e de extrema direita do parlamento da Noruega. 

Apesar da aprovação, as primeiras licenças de extração mineral na região ainda precisam de aprovação. Ou seja, ainda podemos agir para impedir que esse desastre ocorra! 

“Isso não acaba aqui. Em toda a rede do Greenpeace pelo mundo, trabalharemos para impedir todos os projetos de mineração em águas profundas apresentados ao Parlamento norueguês”, disse Pleym.

O Greenpeace classifica como um pesadelo essa posição do governo noruegês. Ao escavar e dragar o fundo do mar, a mineração em águas profundas pode impactar gravemente a vida marinha, com consequências irreversíveis. Saiba mais aqui.
Como já sabemos em todo o mundo, os oceanos são essenciais para todas as formas de vida do planeta por:

  • Regular o clima;
  • Serem fonte de alimento para milhões de pessoas;
  • Servir como meio de subsistência para milhares de comunidades costeiras;
  • Ser lar para muitas criaturas marinhas fantásticas, de baleias gigantes a minúsculos crustáceos.

Reações internacionais

O plano norueguês para a mineração em águas profundas suscitou uma forte reação na comunidade internacional. Ativistas em 20 países protestaram nas embaixadas norueguesas. A Comissão da União Europeia manifestou forte preocupação com o impacto ambiental dos planos. Além disso, 119 parlamentares europeus escreveram uma carta aberta ao parlamento noruegues, pedindo-lhes que parassem o processo de abertura, e mais de 800 cientistas oceânicos apelaram a uma pausa na mineração em águas profundas a nível mundial.

“O Greenpeace está pronto para enfrentar a indústria de mineração em terra e no mar, e não permitiremos que a Noruega destrua a vida única que existe no fundo do mar, nem no Ártico nem em qualquer outro lugar”, completou Pleym.


O Brasil também se comprometeu com a defesa da vida marinha e em julho do ano passado, durante reunião da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês), apoiou uma pausa preventiva de no mínimo 10 anos para a mineração em águas profundas.

Esperança

Ainda que a movimentação e a pressão da indústria sejam preocupantes, temos algumas boas notícias para comemorar.  O Palau, país insular da Oceania, se tornou a primeira nação a ratificar o Tratado Global dos Oceanos, que tem como meta principal garantir a proteção de 30% dos oceanos. 

O anúncio foi feito no início desta semana e consolida a liderança global das nações do Pacífico na linha de frente da crise climática e da biodiversidade.

O Senado do Chile também aprovou a ratificação do Tratado do Oceano da ONU por unanimidade, mas a aprovação ainda precisa ser publicada no Diário Oficial do país e enviada às Nações Unidas – processo já completado por Palau.

O Greenpeace pede que os governos ratifiquem o tratado até a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, em Nice, em 2025, e criem novas áreas marinhas protegidas.

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