Ao invés de criar políticas para aumentar a produção de alimentos saudáveis, a bancada do câncer no Congresso quer liberar mais veneno no prato dos brasileiros  

Greenpeace / Daniel Beltrá

“Sem agrotóxicos, não se mata a fome”. Esse é um dos principais slogans do agronegócio. Mas isso é uma grande mentira. A verdade é que usar agrotóxicos da forma como usamos é uma escolha. Hoje estamos reféns de um modelo de produção agrícola que envenena a população para encher os bolsos do agronegócio. Mas agrotóxico é sinônimo de veneno, e mais veneno só agrava um cenário que já é trágico. 

Enquanto o agronegócio cresce e enriquece, famílias brasileiras seguem sofrendo. O mesmo Brasil que bate recordes na exportação de grãos, convive todo dia com 19 milhões de cidadãos passando fome. Falta promover acesso e assegurar uma produção saudável para garantir a toda a população o que a alimentação de fato é: um direito. Precisamos fortalecer modelos de produção que não agridam o meio ambiente nem a saúde das pessoas e que sejam produtivos e sustentáveis no longo prazo.

A bancada ruralista na Câmara dos Deputados já deixou bem claro que prefere priorizar seus interesses acima do bem-estar de todos. Graças a esses parlamentares, nesse cenário crítico de fome e miséria que estamos mergulhados, um projeto de lei que propõe facilitar a liberação de mais agrotóxicos no país ganhou não apenas sinal verde, mas urgência. A proposta, conhecida como Pacote do Veneno, está tramitando no Congresso Nacional e foi aprovada às pressas pelos deputados do câncer, que ignoraram todos os alertas da ciência e da sociedade, ameaçando ainda mais a geração atual e as futuras. Esse projeto de lei segue agora para o Senado, mas é tempo de barrá-lo e de falar de solução!

Mais mesa farta, mais agroecologia!

Se agrotóxico não é a solução para a fome, não é com o Pacote do Veneno que vamos resolver os problemas do nosso país. A única solução possível para essa questão é a agroecologia: um modelo de produção de alimentos que não usa veneno, que não prejudica a população nem o meio ambiente, cuida das riquezas naturais e ainda estimula a inclusão e uma remuneração justa para agricultoras e agricultores do campo. A agroecologia oferece saúde de verdade e tem o potencial de oferecer uma mesa farta e diversificada para todas as famílias, de norte a sul do país. 

Para entender ainda mais a grandeza da agroecologia, podemos pegar o exemplo do arroz, já que o Brasil é, hoje, dono de uma produção potente de arroz agroecológico, o maior da América Latina. Grande parte dessa produção é garantida pelas mãos de 363 famílias assentadas do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), em áreas de reforma agrária distribuídas em 13 municípios do Rio Grande do Sul, e não estão nas mãos de apenas um proprietário de terra. Na safra de 2018/2019, a área plantada foi de 3.433 hectares (o equivalente a mais de 4.800 campos de futebol), divididos em 15 assentamentos. A estimativa de colheita foi de cerca de 16 mil toneladas de arroz! 

Mais de 300 organizações, diversos órgãos públicos e quase dois milhões de pessoas já assinaram o abaixo-assinado em favor de uma Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA). Para se juntar a nós, entre na plataforma Chega de Agrotóxicos e pressione o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para impedir que o Pacote do Veneno seja aprovado. 

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