Campanha Agroecologia contra a Fome do Greenpeace apoia atingidos pela hidrelétrica de Belo Monte na luta contra a fome no Brasil

Voluntários em Altamira ajudando na entrega de alimentos agroecológicos
Voluntários em Altamira ajudando na entrega de alimentos agroecológicos | Créditos: Dionata de Souza da Silva/Coletivo de comunicação do MAB

Sem comida, luz e água, mesmo vivendo às margens do Xingu, um dos maiores rios da Amazônia, essa é a realidade de muitas das famílias de Altamira, a 831 km da capital do Pará. A cidade de 115 mil habitantes viveu um boom populacional com a construção da hidrelétrica de Belo Monte (2010-2015) e, hoje, enfrenta as mazelas das regiões palco de grandes projetos de infraestrutura na floresta.  

Aumento da pobreza, degradação ambiental e promessas não cumpridas dos executores do projeto, o Consórcio Norte Energia, mudaram a vida dos moradores de Altamira para pior. Os pescadores do antes abundante rio Xingu estão sem peixe  por causa do barramento da hidrelétrica. Outro problema foi a remoção dos povos ribeirinhos das margens do rio Xingu para áreas menos férteis, o que trouxe mais insegurança alimentar à região. Muitos também lutam para serem reconhecidos como atingidos,  o que os torna ainda mais vulneráveis à pobreza e à fome.

 “Os moradores das regiões dos lagos e os pescadores foram os mais prejudicados e estão tendo muitos problemas. Mas,  mesmo para todos da cidade, era muito mais fácil pescar e isso ajudava na alimentação.  Hoje, mesmo quem não é profissional, enfrenta muita dificuldade para encontrar pescado. Pior, que a Usina deixou muitas famílias de fora das indenizações”, explica Elisa Estronioli, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em Altamira. 

Também falta água nos bairros mais carentes de Altamira. Uma das condicionantes socioambientais não executadas pelo consórcio Norte Energia foi a não execução completa do saneamento na cidade. 

O que já estava difícil tornou-se pior com a Pandemia do novo Coronavírus e a fome aumentou na cidade. Para apoiar a região nesse difícil momento, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, o Greenpeace levou a campanha “Agroecologia contra a fome ” com o objetivo de fortalecer agricultores familiares de base ecológica e, ao mesmo tempo doar alimentos agroecológicos para pessoas em situação de vulnerabilidade

Entre os dias 01 a 06 de agosto 300 famílias, chefiadas por mulheres, receberam quatro toneladas de alimentos. Com cestas agroecológicas adquiridas com 15 alimentos  da produção local foi formada uma de apoio que leva comida de verdade e sem veneno direto de quem planta para a mesa de quem mais precisa. 

“Isso é muito bom que a gente necessita de verdade, pois estamos desempregados há muito tempo”, diz Maria de Nazaré Pessoa, do Jardim Independente I, da região da Lagoa. 

“Sou atingida pela Usina. E agradeço muito a cesta. Veio embora nem sei como iria fazer sem essa ajuda esse mês”, diz Raiane Silva dos Santos, outra moradora da região da Lagoa. 

A triagem das famílias foi executada pelo MAB. “As regiões de difícil acesso são as mais vulneráveis, por isso fomos até os Lagos. As maiores dificuldades das famílias são a falta de água, o desemprego, a inflação dos alimentos, o preço do gás e da energia”, explica Jackson Dias, representante do MAB em Altamira. 

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